Timemania. Acerto de contas?

Nesta terça-feira (19/02) começou a vendagem das cartelas da Timemania. Sua aprovação pelo presidente Lula aconteceu um dia antes. A estimativa da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, é de arrecadação atingindo os R$520 milhões no primeiro ano. Desse total, R$239 milhões serão encaminhados à pagamento de apostadores vencedores. R$114 milhões, que representam 22% da arrecadação, irão para os 98 times que aderiram à nova loteria, que automaticamente servirão para liquidar quantias das dívidas tributárias que esses clubes possuem com a União, incluindo Previdência Social, Receita Federal e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Todo o somatório das dívidas que esses times possuem, foi parcelado em 240 meses, ficando a parcela de arrecadação reservada aos clubes, disponível para outros fins após a quitação desse débito.

Entenda como funcionará a Timemania:

A aposta custará R$ 2,00.

O apostador marcará 10 dos 80 números disponíveis no bilhete. Ele também pode concorrer a prêmios escolhendo o time do coração.

O sorteio acontecerá semanalmente.

Prêmio:

Ganharão aqueles que acertarem 3, 4, 5, 6 ou 7 números. O total do prêmio representa 46% da arrecadação, dividido em duas formas: Prêmios fixos - 1. Time do Coração: R$2,00; acertos em três números: 2,00; e acertos em quatro números: 6,00. Após o rateio dos prêmios fixos, o restante é dividido entre acertadores de sete números (40%), seis números (30%), cinco números (20%) e os 10% restantes vão integrar a premiação para os acertadores de sete números sorteados nos concursos de finais zero e cinco. Se não houver acertador em qualquer uma das faixas, a premiação será destinada aos ganhadores dos sete números no concurso seguinte.

Clubes que compõem a Timemania:

O grupo 1 é composto por aqueles que disputaram a série A 2007 do brasileirão. O grupo 2, pelos participantes da serie B. Grupo 3 é formado por equipes que estejam em atividades – exceto aqueles dos grupos 1 e 2 - até formar 80 clubes. Grupo 4 tem aqueles que não são dos outros grupos mas que atendem ao critério de seleção, até completar 90. O grupo 4 não aparece no bilhete.

Rateio da arrecadação:

Prêmios (46%), custeio das lotéricas (20%), clubes (22%), Ministério do Esporte (3%), Fundo Nacional de Saúde (3%), Fundo Penitenciário Nacional (3%), COB (2%) e Seguridade Social (1%).

Divisão da quantia entre os clubes:

Do total de 22% destinados aos clubes, 2% serão distribuídos de acordo com o “Time de coração” (uma das possibilidades de aposta). Dos 20% restante, 65% será dividido igualmente entre os clubes do grupo 1; 25% para os clubes do grupo 2; 8% para os clubes do grupo 3 e 2% para os clubes do grupo 4.

O que penso:

É visível e incontestável a insuficiência financeira de 99% dos clubes brasileiros. O presidente Marcio Braga já chegou a atestar estado de insolvência do Clube de Regatas Flamengo. Hoje o clube deve algo entorno de R$187 milhões. E muitos outros estão numa situação de estar devendo trabalhadores há mais de 10 anos. A variedade de renda parece estar cada vez mais afunilada. Na visão dos cartolas, a venda de jogadores para o futebol europeu aparece como solução única.

Poderíamos ter presidentes um pouco mais esforçados, que trabalhassem melhor outros tipos de renda como marketing esportivo. Flamengo e Corinthians, por exemplo, poderiam faturar boas quantias se desenvolvessem melhor essa ferramenta empreendedora. E não estou falando de mudar a cor da camisa e sim trazer para “mais perto” torcedores de Estados mais distantes como os da região Nordeste, onde esses clubes e outros possuem verdadeiros conglomerados de apaixonados. Promover amistosos com veteranos poderia ser uma boa ou então intensificar à nível nacional a venda de produtos oficiais além de camisa e short.

Como torcedor, irei “torcer” pelo sucesso da nova loteria, mas não chegarei ao ponto de fazer apostas. Por mais que eu me esforce, não consigo acreditar na idoneidade daqueles “homens públicos” que trabalham no manuseio do dinheiro arrecadado em loterias. Considero até, uma “visão visionária” achar que todos os problemas desses clubes irão se resolver da forma mais natural possível. Vivendo no país que vivemos, onde a política transcorre da forma que todos sabemos, fica difícil ter tal crença. E tenho consciência de não ser pessimista nem negativista, apenas brasileiro.

Gostaria de poder dizer: “Homens bons irão ajudar homens bons”. Mas infelizmente não é o caso. Políticos e cartolas de clubes são duas classes que eu jamais “colocaria a mão no fogo”. Agora, o direito de sonhar, ninguém me tira, e tenho meus sonhos, talvez ilusões, de ver os clubes se reerguendo e dando aos torcedores orgulho, não só pela história, mas também pela forma decente de administração.


Texto tambem publicado no site oléolé na coluna Wilson_Hebert. Clique aqui para conferir.

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