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Kiss - Perto do fim e precisando melhorar

Por Daniel Junior

O ano de 1995 foi emblemático para o fã de Kiss. Em uma festa (podemos chamar assim) anunciada como fantástica intitulada Acústico Mtv, a banda tocou seus sucessos (e também alguns lados B) e ainda provocou o maior orgasmo coletivo no Kiss Army ao promover o re-encontro dos velhos dissidentes Ace Frehley e Peter Criss.

Passados 15 anos deste evento e após dois bons discos (mesmo Psycho Circus tem seus ótimos momentos para saber mais desta história clique aqui), a impressão que temos é que música é um assunto que pouco importa agora para gerente e coordenador da banda, a saber, Gene e Paul.

As turnês vão bem obrigado. Não tão bem sucedidas como no passado (e põe passado nisso) e com set-lists de embalar sono de neném; a banda nova iorquina vive seu momento mais monotônico desde a época em que era achincalhada pela imprensa e não fazia um papel tão absurdo. Mesmo quando massacrados (ou ignorados) pelos formadores de opinião nas revistas especializadas, o Kiss seguia um rumo musical de originalidade, fazendo discos que se não entraram para história do Rock and Roll, influenciaram gerações.

Não acredito que Sonic Boom foi capaz de reverter um jogo que, artisticamente, me parece perdido desde Revenge (1992), um disco pesado, na sombra da morte do excelente baterista Eric Carr. A banda parecia desencontrada de seus caminhos e tão sem saber o que fazer do seu futuro musical que “soltou” Carnival of Souls, disco que era tido como um lançamento de sobras, mas que na verdade reúne um material diferente de tudo que o Kiss já havia feito dentro de estúdio. CoS definitivamente dá demonstrações de que a banda de Gene e Paul poderia ir além das temáticas festas, mulheres e mulheres e festas…

Mas a “abençoada” reunião com os etílicos Ace e Peter falava mais alto aos cofres do Banco Gene Simmons, naquela época, retornando de um sono financeiro que durara pelo menos uma década. É lógico que a reunião foi um sonho para todo fã da banda americana, mas quem conhecia um pouco da história dos quatro sabia que as possibilidades daquilo durar mais que três anos era pequenina.

O resto da história todo mundo já sabe, após a Farewell Tour, Ace pediu o chapéu e fora substituído por seu cover, o músico Thommy Thayer e Peter iria ainda passar um papelão na gravação do tão aguardado Alive IV. Visivelmente fora de forma (para ser bem gentil), Peter não tinha condições técnicas de acompanhar as canções clássicas que ele ajudou a eternizar. Nenhuma pirotecnica ou saudosismo era capaz de inibir a total falta de peso e a presença de cansaço (e porque não dizer despreparo) do baterista. Eric Singer retornaria às baquetas e a formação do Kiss se consolidaria após idas e vindas.

Gravam o bom Sonic Boom. Apenas bom. Nada que valha qualquer tipo de expectativa para discos que foram produzidos quando a banda só pensava (ou parecia só pensar) em música. Gene se tornou figurinha fácil da TV, sendo notícia desde escândalos sexuais até participar de shows em cassinos de Las Vegas, ou mesmo protagonizando seu reality (?) Family Jewels. Rock que é bom…

Ok que para quem ficou sem um disco inédito por 11 anos, Sonic Boom conseguia matar a sede do fã mais desértico. O problema era a repetição nos palcos. O set list nada inspirado, Paul Stanley (quem diria) com a voz ruim, Gene repetindo os mesmos atos circenses de 30 anos, transformaram a lendária banda numa espécie de freak show de si mesmo. O disco não emplacou como a banda gostaria e o repertório foi maciçamente impregnado por tudo aquilo que eu e você que gostamos de Kiss já estamos cansados de ouvir: Detroit Rock City, Rock Roll All Nite, Deuce, Do You Love Me e etc…

Uma vez ou outra inclui a boa Heaven of Fire ou mesmo uma insossa versão de Lick It Up. Fato mesmo é que, mesmo alvo da paixão de milhões ao redor do mundo, a banda mais quente do planeta poderia partir para um fim de carreira (alguém acredita que o Kiss continuará nos palcos quando seus membros principais se aproximam dos 70 anos?) com mais surpresas, projetos mais ousados e não explorar o mais do mesmo. A justificativa é que os “fãs querem ouvir os clássicos”. Sinceramente alguns “clássicos” também se tornaram “chatos”. Não receberam nova roupagem (exceção de Beth cantada por Eric Singer) além de tornaram o show da banda um espetáculo previsível.

A banda promete disco ainda para este ano e a expectativa dos fãs só cresce. Será o canto do cisne ou a confirmação de uma despedida melancólica dos estúdios? Estamos perto de saber.

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