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Bruno Senna, um homem de sorte, azar e muita responsabilidade


Por Leandrus

Com o afastamento (temporário ou não, ninguém sabe) de Nick Heidfeld, o brasileiro Bruno Senna assumirá um dos carros da Renault pelo menos nos GPs da Bélgica e da Itália. Para o deleite dos fãs de Ayrton Senna, ele pilotará justamente o bólido que homenageia em sua pintura aquela Lotus que foi dirigida por seu tio na década de 80. Coincidências e curiosidades a parte, a verdade é que há fatos bem mais relevantes a serem destacados.

Não há como negar que o ex-piloto da HRT contou com uma bela pitada de sorte para assegurar uma vaga entre os titulares da equipe. Bruno estava fadado a cair no esquecimento sendo um mero piloto de testes da Renault – afinal, pessoas em tal cargo são inúteis na F-1 atual devido à proibição dos testes. Porém, improváveis acontecimentos - o grave acidente de Robert Kubica antes do início da temporada e a insatisfação de Eric Boullier com Heidfeld, substituto do polonês – lhe deram a chance de assumir um carro razoável por algum tempo. No final das contas, a arriscada opção de ser piloto de testes ao invés de procurar correr em outra categoria gerou bons frutos a ele.

Sorte, aliás, é um fator que faz com que muitos não tenham lá muita simpatia com o brasileiro. Há um número até considerável de pessoas que acham que Bruno só chegou a esse ponto da carreira pela sorte de ser sobrinho de um dos maiores pilotos da F-1. De fato, algumas portas se abriram e alguns patrocínios provavelmente foram conquistados devido ao seu sobrenome famoso. Porém, não creio que possamos resumir sua evolução no automobilismo dessa forma.

Senna, embora não tenha conquistado títulos nas categorias de base, teve bons resultados até chegar à F-1. O 3º lugar na F-3 Inglesa em 2006 e o vice-campeonato da GP2 em 2008 são feitos muito bons principalmente para uma quem iniciou sua carreira no automobilismo bem tarde (praticamente aos 21 anos) e queimou uma etapa fundamental para os pilotos, a experiência com os karts. São feitos, aliás, até equiparáveis aos de alguns pilotos que estão no grid da F-1. Um exemplo disso é seu próprio companheiro Vitaly Petrov, que sempre andou atrás do brasileiro quando eles correram juntos na GP2 mas que merecidamente correr contra os melhores do mundo. Logo, as coisas para Bruno não se resumem apenas a sorte. Da mesma forma seus resultados lhe credenciam a disputar por uma vaga na F-1.

Aliás, uma coisa que Bruno não havia encontrado até então na F-1 era sorte. Em 2009, perdeu a chance de pilotar um verdadeiro foguete quando a Honda, que tinha a intenção de contratá-lo, retirou-se da F-1 e passou o comando para Ross Brawn, que preferiu manter o experiente Rubens Barrichello. Depois, assinou contrato para 2010 com a Campos; a equipe, que tinha ótimos resultados nas categorias de base, parecia a mais promissora das equipes novatas. Porém, ela na verdade era a que tinha piores condições, e depois de uma verdadeira novela, Senna teve que passar um árduo ano pilotando para a pífia Hispania. Somente agora as coisas parecem ter dado certo para ele por lá.

Porém, a verdade é que agora Bruno não tem nem tempo para pensar se é uma pessoa de sorte ou de azar. A responsabilidade que carrega atualmente é tremenda. O brasileiro sabe que a hora de mostrar que é útil às equipes da F-1 chegou. O problema é que essa chance chegou num momento em que está enferrujado, pois não disputa corridas oficiais há quase um ano. Além disso, não conhece tão bem o carro, já que, como era de se esperar, pouco foi às pistas como piloto de testes. Sua tarefa, de fato, não é fácil, pelo menos em Spa.

Com tantas dificuldades nessa primeira corrida, Bruno precisa ter objetivos modestos. Para o treino de qualificação, é quase obrigatório não ficar de fora do treino logo no Q1 e, se puder, não ficar muito distante de Vitaly Petrov. Na corrida, o fundamental é terminar a prova e oferecer alguma resistência aos demais, de modo que não vire um mero obstáculo extremamente fácil de ser ultrapassado pelos pilotos do bloco intermediário. É na Itália que as metas podem ser mais promissoras, com a busca de alguns pontos que o deixem com crédito na equipe.

Bruno Senna terá cerca de 15 dias para decidir seu destino na F-1. Ele precisa se adaptar rapidamente para ter chances de pilotar para alguém em 2012. O futuro da Renault é incerto, já que Kubica pode não voltar no ano que vem, Petrov ainda não sabe se continua na equipe e Romain Grosjean, quase campeão da GP2, está cotado para entrar na escuderia no ano que vem. Logo, seria importante para o brasileiro ao menos demarcar território entre os franceses. Eles podem, inesperadamente, precisar de Bruno quando menos se esperar, como aconteceu agora.

Leandrus - Automobilismo

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