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Dan Wheldon, o piloto por quem eu nunca torcia


Por Leandrus

Lembro-me bem quando voltei assistir as corridas da F-Indy. Foi em 2007. Eram tempos de vacas magras e grids reduzidos na categoria, mas ao menos me divertia vendo as corridas. Como qualquer fã no meio de sua parcialidade, tinha simpatia por alguns pilotos e não gostava de outros. Um desses “desprezados” por mim era um tal de Dan Wheldon. Ok, era talentoso – afinal, não havia sido o campeão de 2005, nem havia ganho a Indy 500 em 2004 por acaso. Mas me parecia meio sem sal. No final das contas, eu não odiava o rapaz, mas também não contava com a minha torcida. Nem liguei quando ele foi "rebaixado" e perdeu sua vaga na Ganassi para Dario Franchitti em 2009, tendo que rumar para a não mais que mediana Panther.

Os anos se passaram, o grid deu uma inchada após a fusão com a Champ Car e, em 2011, o tal do Dan Wheldon ficou desempregado. Fiquei chateado. Embora eu não fosse seu fã, era muito melhor ver alguém habilidoso e que poderia acrescentar muita coisa ao espetáculo do que uns pilotos pagantes como Sebastian Saavedra, James Jakes, EJ Viso e outros que deveriam estar longe dali. Porém, automobilismo tem dessas coisas; logo, eu teria que lamentar por mais um bom indivíduo estar fora da categoria – ah, essas equipes que precisam de pilotos endinheirados...

Aí chegou a Indy 500. E para a surpresa de todos, Dan Wheldon, ressuscitado pela Bryan Herta Autosport só para correr em um dos templos do automobilismo, venceu a prova. Tudo bem que foi mais fruto de uma barbeiragem de JR Hildebrand na última curva, mas ele ganhou. Gostei pra caramba. Quer dizer, ele ainda não contava com a minha simpatia e eu ainda o classificava como “um piloto sem sal”; entretanto, de certa forma era uma forma de mostrar a Indy como inexplicavelmente tinha gente desempregada durante toda a temporada enquanto tínhamos de ver uns barbeiros correndo em todas as provas.

Aí veio o GP de Las Vegas, último da temporada. E aconteceu o que todo mundo já sabe: Wheldon foi a maior vítima do horroroso acidente na 10ª volta e morreu.

Confesso, fiquei arrasado. Chorei quando sua morte foi anunciada. Quando era criança, vi Jeff Krosnoff e Greg Moore perderem suas vidas em provas da CART, mas, no auge da minha inocência, só fiquei um pouco entristecido. Agora foi diferente. Acompanho a Indy quase com a mesma devoção que sigo a F1 e a GP2, e depois de certo tempo você vira tão fã das corridas e da categoria que até se sente parte daquele mundo tão restrito, como se os pilotos e chefões fossem seus conhecidos, por mais ridículo que isso possa parecer. No final das contas, aquilo chega a ser tão importante para sua vida e principalmente para os seus momentos de lazer que você se envolve emocionalmente com qualquer coisa que possa acontecer: épicas vitórias, duras derrotas e principalmente tragédias como essas.

É tudo duro demais. Pensar que você via aquele cara correr desde 2007 e imaginar que ele e nunca iria morrer dói demais – e acredite, por mais que o automobilismo seja muito perigoso, sempre se pensa que quem está ali é indestrutível. Saber após a sua morte que ele tinha contrato garantido com a Andretti para substituir Danica Patrick no ano que vem torna tudo mais doloroso ainda. E lembrar que ele deixa esposa e dois filhos bem pequenos é quase inconsolável. Até mesmo recordar do Luciano do Valle errando o seu nome (o narrador sempre dizia “Don Wheldon”) me traz certa tristeza agora.

É preciso averiguar sim se esse acidente poderia ou não ser evitado. Talvez fosse um exagero colocar 34 carros num circuito tão pequeno e perigoso. Mas no momento eu só consigo pensar em pagar tributo a Wheldon. E torcer para que eu nunca mais precise passar por duas horas tão angustiantes a espera de notícias e da triste realidade como no último domingo.

Leandrus - Automobilismo

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