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Metallica, Slipknot e atrações do Palco Sunset foram os destaques do 3ª dia do Rock in Rio


Por Leandrus

O terceiro dia do Rock in Rio, dedicado ao heavy metal, era certamente um dos mais esperados do festival. Mesmo com alguns equívocos na escalação das bandas, a noite contaria com Metallica, que não passava pela cidade há 12 anos, Motorhead e Slipknot no Palco Mundo e ótimas bandas brasileiras num espaço menor, o Palco Sunset. De fato, tinha tudo para ser um dia imperdível para os headbangers.

Quase às 3 da tarde, muita gente já estava posicionada no Palco Sunset para conferir a primeira atração, o Matanza. A banda conseguiu reproduzir muito bem a intensidade de seus shows e fez o público agitar muito ao despejar clássicos como “Ressaca Sem Fim” e “Bom é Quando Faz Mal”. BNegão, ex-Planet Hemp, subiu ao palco para fazer uma jam com o grupo e ainda permaneceu por lá para fazer participar de outras músicas dos cariocas, como “Clube dos Canalhas” e “Ela Roubou Meu Caminhão”. Um ótimo show para esquentar os fãs.

Quem entrou em seguida foi o Korzus, lendária banda brasileira de thrash metal. Bem recebidos, intercalaram petardos de seus dois últimos álbuns, “Ties of Blood” e “Disciplines of Hate”, até chamarem artistas internacionais para tocarem músicas de seus respectivos grupos. Nessa hora o show deu uma esfriada, já que (surpreendentemente e infelizmente) poucos conheciam Schmier (Destruction), Mike Clark (Suicidal Tendencies) e East Bay Ray (Dead Kennedys). Somente João Gordo obteve uma resposta razoável ao cantar “Beber Até Morrer”. Um bom show prejudicado apenas pela falta de conhecimento do público com os convidados.

Em sequência, o Angra entrou para ser protagonista de um dos piores momentos do dia. Um som de péssima qualidade e difícil de ser entendido fez com que o público passasse boa parte do show apenas insatisfeito e reclamando do imprevisto. Uma pena, já que o quinteto poderia ter ganho o jogo já no começo, quando tocaram numa tacada só “Angels Cry”, “Nothing to Say” e “Lisbon”. O problema demorou a ser resolvido e atrapalhou até mesmo a participação de Tarja, ex-vocalista do Nightwish. Por sorte, quando tudo foi normalizado, ainda havia tempo para executar os clássicos “Rebirth”, “Carry On” e “Nova Era”. Porém, nada apagou a frustração do começo embolado do show, infelizmente.

Os problemas técnicos, aliás, não acompanharam apenas o Angra. O Sepultura também os teve, o que atrasou sua entrada em 1 hora. Não os assisti por precisar comer e beber algo para enfrentar a maratona do Palco Mundo (festival tem dessas coisas), mas conversei com pessoas que viram e as mesmas disseram que o show com os franceses do Les Tambours de Bronx foi arrasador. Levaram todos ao delírio ao tocar “Refuse/ Resist” logo no começo e ao fechar com “Territory” e “Roots Bloody Roots” – esta com participação de Mike Patton, que tocou no dia anterior. Porém, houve graves problemas: o som não estava tão bom e o espaço estava lotado, fazendo com que alguns fãs desistissem de assistir a apresentação.

E aqui cabe uma reclamação: é quase inacreditável que uma banda como o Sepultura tenha que tocar no Palco Sunset. Ora, uma banda com tantos fãs, com a sua história – chegou a ser uma das maiores do heavy metal em meados dos anos 90 – e com um show destruidor na edição anterior do festival na bagagem não pode ser ofuscada pelo Gloria, que tocava no palco principal enquanto os mineiros estavam espremidos no secundário. Aliás, qualquer um que tocou no Sunset merecia estar no Palco Mundo. A dificuldade para circular por aquela área, tamanho o número de pessoas que queriam estar lá, provou isso. Simplesmente inexplicável.

De qualquer maneira, deve-se registrar a participação do Gloria e do Coheed and Cambria no Palco Mundo. Os brasileiros fizeram um show tenso, como se estivessem torcendo para não serem muito vaiados e rejeitados. Apenas a execução de “Walk”, do Pantera, animou o público. Já os americanos não chegaram a ser vaiados, mas foram recebidos com indiferença, tendo recebido uma resposta positiva apenas ao tocarem “The Trooper”, do Iron Maiden, e “Welcome Home”, a única bem aceita de autoria deles.

Depois disso, era hora das atrações principais do dia. O primeiro a entrar foi o Motorhead. Sem firulas, logo mandaram dois grandes sucessos, “Iron Fist” e “Stay Clean”. Nesse momento, já deu para perceber qual seria a postura do público em relação à banda: muito respeito, pouca empolgação. Poucos pareciam conhecer as músicas. Por isso, a plateia em geral só se animou nos clássicos supremos, como “Going to Brazil”, “Ace of Spades” (nessa a resposta de todos foi excelente) e “Overkill” – que teve a participação de Andreas Kisser, do Sepultura. Um bom show, mas que poderia ter sido melhor não fosse a apatia dos presentes. Aliás, o som estava meio baixo para uma banda que é considerada uma das mais barulhentas do rock....

A apatia de muitos durante o Motorhead, porém, desapareceu quando o Slipknot entrou no palco. Não sou muito fã da banda e nem ouço seus álbuns, mas tenho que reconhecer: que grande show! Corey Taylor é um excelente frontman e o resto da banda contribui demais para uma apresentação endiabrada. Tudo era tão intenso que muitas rodas foram abertas na pista e até quem não curtia tanto o grupo participava ativamente do espetáculo agitando muito. “Wait and Bleed” e “Before I Forget” foram o destaque no começo e a parte final foi épica, principalmente com “People = Shit” e a trinca formada por “Psychosocial”, “The Heretic Anthem” e “Duality”. Um show memorável, que entrará não só na história desta edição como também na do festival como um todo.

Levantar o público após uma maratona de shows e o fulminante show do Slipknot era difícil, mas a atração principal, o Metallica, conseguiu. Também, pudera: alguém só pode estar no lugar errado caso fique estático enquanto os americanos abrem o show com “Creeping Death,” For Whom the Bell Tolls” e “Fuel”. Tudo numa tacada só, sem pausas para conversar com o público, apenas para inflama-lo durante as músicas. “Ride the Lightning” fez os fãs da fase mais antiga da banda irem ao delírio, enquanto “Fade to Black” fez com que todos cantassem em uníssono e quase ofuscassem a voz de James Hetfield.

A empolgação caiu um pouco coma execução de “Cyanide” e “All Nightmare Long”, mas eles souberam voltar a ter o público na mão ao tocar “Sad But True”. “Welcome Home (Sanitarium)” foi uma boa surpresa, mas não tanto quanto a instrumental “Orion”, tocada em homenagem a Cliff Burton e curiosamente dois dias antes de serem completados 25 anos de sua morte. “One” arrepiou qualquer um com seus efeitos pirotécnicos. “Master of Puppets”, devido ao público já cansado, infelizmente não conseguiu agitar tanto o público. Porém, a banda ainda tinha cartas na manga e, após “Blackened”, emendou “Nothing Else Matters” e “Enter Sandman”, fazendo com que todos interagissem e cantassem juntos.

O bis veio com a cover de “Am I Evil?”, do Diamond Head e “Whiplash”, grata surpresa do primeiro álbum da banda. Depois disso, “Seek and Destroy” fechou as contas e fez todos tirarem forças de não sei aonde para agitar o máximo que podiam. No fim, uma bela homenagem do Metallica ao levar para o palco uma bandeira com a imagem de Cliff Burton que alguém da plateia segurava, provando que ele nunca será esquecido pelos fãs.

No final de tudo, o saldo foi positivo. O Motorhead fez uma apresentação correta, o Slipknot quase roubou as atenções e o Metallica soube como manter o posto de grande atração. Porém, não há como negar que qualquer banda que esteve no Palco Sunset merecia estar no espaço principal. Inexplicavelmente, parece que nenhuma fé foi depositada neles e a resposta foi muito bem dada, já que todas elas se saíram muito bem no palco secundário e chamaram um ótimo público, mostrando claramente que seriam mais bem recebidas que Gloria e Coheed and Cambria. Que a falha seja corrigida da próxima vez.

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