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A fúria de Blunt Force Trauma - o novo do Cavalera Conspirancy


Por Daniel Júnior

Se você é daqueles que sente saudades daquela sujeira e peso de discos como Arise e Chaos A.D (clássicos da banda mineira Sepultura), talvez consiga matar um pouco desta nostalgia na audição do pesadíssimo Blunt Force Trauma.

Quando Max e Iggor (mas o primeiro do que o segundo) não ficam fazendo cavadinha para uma reunião que “celebraria” a formação original do Sepultura (esquecendo o Jairo não é sr. Max?), conseguem produzir um disco com força e autenticidade.

Max é um dos artistas de metal que em minha opinião consegue demonstrar todo seu DNA e talento (ou seja demonstrar suas marcas de composição) e mesmo assim soar contemporâneo e forte como se o tempo não tivesse passado. E volto a dizer: é muito melhor ver o músico e vocalista ocupado com seu projeto mais sério e fazendo dele um disco para se prestar atenção em 2011 do que vê-lo em notinhas cuspindo fogo em seus ex-companheiros.

Enquanto o mundo parece ter “dado um tempo” nas demonstrações alegre/afetivas para sons mais calcados no neo-punk e o som emocore tenha perdido parte da sua força consolidada em 2010, o Cavalera Conspirancy lança cd com cara da boa época em que o som porrada não era apenas uma expressão chula para identificar uma banda na prateleira, mas sim, diferenciar bandas pesadas de bandas MUITO pesadas.

O single Killing Inside dava provas cristalinas que a dupla Cavalera (que ainda conta com Marc Rizzo nas guitarras e Johny Chow no baixo) não vinha para brincar de passado ou inventar moda. O cd tem toda a agressividade que um bom disco de metal precisa e sugere, com passagens de trash muito interessantes como na faixa Thrasher, que mescla guitarras rasgadas e boas doses de velocidade e ritmo.

Existem alguns aspectos interessantes em BFT como a mescla de guitarras mais tradicionais que lembram Megadeth e Testament com outras mais ‘dolorosas’ que lembram Machine Head ou Black Label Society. A faixa I Speak Hate não é uma conservadora canção de metal, mas tem todos os ingredientes que o fã do estilo gosta de encontrar na camada sonora de um bom disco de rock.

Target tem até solo de guitarra… E pode parecer ridículo salientar esta informação, uma vez que, é quase uma convenção do rock, de maneira geral, que as canções apresentem o momento ‘estrelar’ do guitarrista solo. O que ouvimos na faixa são excelentes momentos de Rizzo/Cavalera com peso e excelentes ideias musicais.

Burn Waco traz uma parede de distorção em uma envolvente e veloz saraivada de riffs. Há quem torça o nariz pela ausência de consonância (ou em menor escala, na falta de melodias mais apuradas), mas é impressionante o vigor de Max em canções deste timbre, mesmo após 26 anos de carreira (contados a partir do lançamento de Bestial Desvatation, 1985). Em Rasputin, a áspera forma dele de 'cantar’ as canções remetem até mesmo ao black metal, o que não é de todo um desconhecido para os Cavalera, uma vez que o disco de estreia do Sepultura é um ode ao black e trash metal.

Blunt Force Trauma – a canção que dá título ao disco – não poderia ser diferente. Com riffs pesados e até aqui, contrastando com o ‘quê’ de atonalidade apresentado pelos músicos, apresenta opções interessantes, para uma banda que toca com o pé no acelerador do início ao fim.

O disco encerra com Warlord e mostra como a banda está madura e tem fogo para queimar muita lenha sem mudar um milésimo da sua filosofia sobre como um disco de metal deve soar.

Talvez o pormenor seja um mais comedido Iggor Cavalera. Não que esteja aquém do que o músico pode compor, mas parece que o baterista optou em fazer arranjos mais redondos e menos tribais, o que pode ser uma prova de que o baterista está longe de repetir maneiras e trejeitos e que busca, na economia, um som mais encorpado e em favor da canção.

Dos melhores que ouvi este ano, BFT faz MUITO barulho e deve causar alvoroço em todo planeta.

Quanto as viúvas da formação original do Sepultura: o choro é livre.

“Warlord” 3:05
“Torture” 1:51
“Lynch Mob” 2:31
“Killing Inside” 3:28
“Thrasher” 2:49
“I Speak Hate” 3:10
“Target” 2:36
“Genghis Khan” 4:23
“Burn Waco” 2:52
“Rasputin” 3:22
“Blunt Force Trauma” 3:58

Nota: 8,0

Daniel Júnior - música

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