Por Leandrus
1º de maio é dia de bater saudade em muita gente. Há 17 anos, Ayrton Senna falecia após um acidente no GP de San Marino. Além da sua condição de um dos maiores ídolos da Fórmula 1, não se pode negar que seu falecimento deixou um grande legado na área da segurança: desde então, os cuidados relativos a esse assunto na categoria viraram prioridade máxima, tornando as pistas muito mais seguras e não deixando nenhum piloto entrar nas estatísticas de competidores mortos na pista. Infelizmente, alguém teve de ter um destino cruel para que isso acontecesse.
Esse, então, é o legado do brasileiro a ser exaltado. Porém, há também uma espécie de "herança maldita" deixada por ele, que foi e é extremamente incômoda para quem o sucede - leia-se Rubens Barrichello e Felipe Massa -, que pagam o pato por não serem geniais com Senna. Explico.
Em relação a f-1, o brasileiro em geral foi muito mal acostumado. No começo, tivemos um piloto fantástico por lá (Emerson Fittipaldi), substituído por outro tão bom quanto (Nelson Piquet) e que foi sucedido por um que alcançou níveis incríveis de popularidade e adoração no país (Ayrton Senna). Todos de muito sucesso, campeões, com um bom número de vitórias e garantidores de um espaço no grupo seleto de gênios da categoria. Depois também pudemos acompanhar bons pilotos (Rubens Barrichello e Felipe Massa), mas não tão bom quanto os três citados, principalmente o falecido campeão. E é aí que entra a tal da herança maldita.
Com o aparecimento de Ayrton Senna, que fez com que muita gente que não gosta de automobilismo passasse a assistir Fórmula 1, a visão de competitividade na categoria ficou extremamente deturpada. Devido às conquistas e às frases de efeito, muitas vezes mal interpretadas, do ex-piloto da McLaren, o brasileiro em geral se acostumou ao pensamento de que piloto bom é apenas aquele que, em primeiro plano, ganha títulos, e, em segundo lugar, vence muitas corridas e vai a muitos pódios. Não aceita perder e parte com tudo para cima do sucesso, nem que tenha que usar de um mínimo de sujeira para isso. Quando este espectador se vê diante de alguém que não chega aos títulos ou não vence com tanta regularidade, ele estranha e ignora essa pessoa, taxando-a de ruim só por nunca chegar às glórias da competição. Massa e Barrichello, sem títulos e com um punhado de mais ou menos dez vitórias na carreira, sofrem com isso.
Amigos, este não é o pensamento que se deve ter quando se acompanha a Fórmula 1. É claro que a essência da competição é chegar aos títulos e conquistar o máximo de vitórias possíveis; porém, número de títulos não é o requisito principal para se avaliar um atleta como bom ou não. Isso, na verdade, é um pensamento até tolo demais. Pense inicialmente, por exemplo, quantos pilotos passaram pela Fórmula 1. Ora, numa categoria por onde inúmeros já passaram e quase 100 já venceram, apenas 32 são bons, porque foram os únicos que venceram campeonatos? Então eu nunca poderia considerar Karl Malone e John Stockton mitos da NBA, por nunca terem conquistado um anel de campeão. Olhe o tamanho da heresia que seria cometida.
O quanto um piloto é bom não se avalia apenas por títulos. Se avalia por performances, condições de ser útil a uma equipe e conquistar resultados dentro da realidade do carro que tem em mãos, sendo dessa forma capaz de galgar postos na Fórmula 1 até chegar a alguma escuderia grande ou então ser respeitado na categoria. Viajando muito mas tendo alguma dose de consciência, deveria ser adotada uma classificação em que os pilotos fossem taxados como gênios, excelentes, bons, ruins ou péssimos. O problema é que, para a maioria, ou ele é bom (geralmente o gênio) ou ruim (qualquer um que não foi campeão - ou não convenceu como campeão -, seja ele bom ou ruim). Aí você diz que um Senna é bom e um Massa é ruim, falhando epicamente na tentativa de avaliar a capacidade dos pilotos. Mas é assim que as regras são ditadas entre um grupo muito grande de fãs, infelizmente.
Temos que saber, em geral, reconhecer melhor o potencial de um piloto. Não se pode ignorar ótimos pilotos que passaram pela categoria só porque eles não foram campeões, como Massa e Barrichello são sacrificados por não terem chegado ao topo. Ótimos pilotos como Ronnie Peterson, Gilles Villeneuve, Jacques Laffite, Michelle Alboreto, Jean Alesi e Juan Pablo Montoya são tão bons quanto esses brasileiros (alguns melhores, como Peterson) e também não conquistaram títulos; porém, nem por isso deixaram de ter uma grande base de fãs mundo afora.
Podemos dizer sim que Barrichello e Massa foram e são bons pilotos, deixando sua marca na F-1. Tiveram boas performances por lá (e tem até hoje), fizeram provas memoráveis, foram ao pódio diversas vezes, venceram um bom número de corridas e dirigiram por equipes de respeito. Possuem seus defeitos, sofrem com a irregularidade e não tiveram a genialidade de um Senna ou de um Piquet - e por isso nunca entrarão no grupo seleto de grandes nomes da categoria -, mas conseguiram impressionar o suficiente para serem lembrados no futuro.
Obviamente, há todo o direito de se criticar Rubinho e Felipe. Porém, que seja por motivos realmente pertinentes, como desempenho na pista ou irregularidades na carreira. Restringir tal discussão a número de títulos e de vitórias é tarefa para sites de humor - e qualquer um tem capacidade suficiente para fazer mais do que isso.
Leandrus - Automobilismo
Esse, então, é o legado do brasileiro a ser exaltado. Porém, há também uma espécie de "herança maldita" deixada por ele, que foi e é extremamente incômoda para quem o sucede - leia-se Rubens Barrichello e Felipe Massa -, que pagam o pato por não serem geniais com Senna. Explico.
Em relação a f-1, o brasileiro em geral foi muito mal acostumado. No começo, tivemos um piloto fantástico por lá (Emerson Fittipaldi), substituído por outro tão bom quanto (Nelson Piquet) e que foi sucedido por um que alcançou níveis incríveis de popularidade e adoração no país (Ayrton Senna). Todos de muito sucesso, campeões, com um bom número de vitórias e garantidores de um espaço no grupo seleto de gênios da categoria. Depois também pudemos acompanhar bons pilotos (Rubens Barrichello e Felipe Massa), mas não tão bom quanto os três citados, principalmente o falecido campeão. E é aí que entra a tal da herança maldita.
Com o aparecimento de Ayrton Senna, que fez com que muita gente que não gosta de automobilismo passasse a assistir Fórmula 1, a visão de competitividade na categoria ficou extremamente deturpada. Devido às conquistas e às frases de efeito, muitas vezes mal interpretadas, do ex-piloto da McLaren, o brasileiro em geral se acostumou ao pensamento de que piloto bom é apenas aquele que, em primeiro plano, ganha títulos, e, em segundo lugar, vence muitas corridas e vai a muitos pódios. Não aceita perder e parte com tudo para cima do sucesso, nem que tenha que usar de um mínimo de sujeira para isso. Quando este espectador se vê diante de alguém que não chega aos títulos ou não vence com tanta regularidade, ele estranha e ignora essa pessoa, taxando-a de ruim só por nunca chegar às glórias da competição. Massa e Barrichello, sem títulos e com um punhado de mais ou menos dez vitórias na carreira, sofrem com isso.
Amigos, este não é o pensamento que se deve ter quando se acompanha a Fórmula 1. É claro que a essência da competição é chegar aos títulos e conquistar o máximo de vitórias possíveis; porém, número de títulos não é o requisito principal para se avaliar um atleta como bom ou não. Isso, na verdade, é um pensamento até tolo demais. Pense inicialmente, por exemplo, quantos pilotos passaram pela Fórmula 1. Ora, numa categoria por onde inúmeros já passaram e quase 100 já venceram, apenas 32 são bons, porque foram os únicos que venceram campeonatos? Então eu nunca poderia considerar Karl Malone e John Stockton mitos da NBA, por nunca terem conquistado um anel de campeão. Olhe o tamanho da heresia que seria cometida.
O quanto um piloto é bom não se avalia apenas por títulos. Se avalia por performances, condições de ser útil a uma equipe e conquistar resultados dentro da realidade do carro que tem em mãos, sendo dessa forma capaz de galgar postos na Fórmula 1 até chegar a alguma escuderia grande ou então ser respeitado na categoria. Viajando muito mas tendo alguma dose de consciência, deveria ser adotada uma classificação em que os pilotos fossem taxados como gênios, excelentes, bons, ruins ou péssimos. O problema é que, para a maioria, ou ele é bom (geralmente o gênio) ou ruim (qualquer um que não foi campeão - ou não convenceu como campeão -, seja ele bom ou ruim). Aí você diz que um Senna é bom e um Massa é ruim, falhando epicamente na tentativa de avaliar a capacidade dos pilotos. Mas é assim que as regras são ditadas entre um grupo muito grande de fãs, infelizmente.
Temos que saber, em geral, reconhecer melhor o potencial de um piloto. Não se pode ignorar ótimos pilotos que passaram pela categoria só porque eles não foram campeões, como Massa e Barrichello são sacrificados por não terem chegado ao topo. Ótimos pilotos como Ronnie Peterson, Gilles Villeneuve, Jacques Laffite, Michelle Alboreto, Jean Alesi e Juan Pablo Montoya são tão bons quanto esses brasileiros (alguns melhores, como Peterson) e também não conquistaram títulos; porém, nem por isso deixaram de ter uma grande base de fãs mundo afora.
Podemos dizer sim que Barrichello e Massa foram e são bons pilotos, deixando sua marca na F-1. Tiveram boas performances por lá (e tem até hoje), fizeram provas memoráveis, foram ao pódio diversas vezes, venceram um bom número de corridas e dirigiram por equipes de respeito. Possuem seus defeitos, sofrem com a irregularidade e não tiveram a genialidade de um Senna ou de um Piquet - e por isso nunca entrarão no grupo seleto de grandes nomes da categoria -, mas conseguiram impressionar o suficiente para serem lembrados no futuro.
Obviamente, há todo o direito de se criticar Rubinho e Felipe. Porém, que seja por motivos realmente pertinentes, como desempenho na pista ou irregularidades na carreira. Restringir tal discussão a número de títulos e de vitórias é tarefa para sites de humor - e qualquer um tem capacidade suficiente para fazer mais do que isso.
Leandrus - Automobilismo
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