Por Efraim Fernandes
Fica bem claro o desafio que é resenhar sobre Thor! Então, caros amigos, vamos lá...
O que parecia um mero sonho infantil é real... Esqueçam aquela versão galhofa feita nos anos 80 de O Retorno do Incrível Hulk, feita diretamente para a televisão. Thor existe e é um cara muito f...!
Toda grande e ousada adaptação vai gerar medo e até ira de muito fã boy da obra a partir do momento que a mesma é divulgada (ta aí Alan Morre e alguns fãs dele sobre Watchmen que não deixam mentir). Ouviu-se de tudo quando a adaptação seria realizada, desde a má escolha do astro principal, Chris Hemsworth, até o responsável na cadeira de direção, Kenneth Branagh. E quem ainda sofre com a mesma dicotomia composta de expectativa e medo é a produção ainda inédita Capitão América, pelos mesmos motivos: a escolha do diretor e astro da franquia.
Mas enquanto o Caps não chega, os nerds de todo o Brasil podem ficar despreocupados já que é com muita segurança que Thor é uma bela obra cinematográfica calcada nos quadrinhos da Marvel e no universo da mitologia nórdica. E sim, houve lá as suas concessões como o fato de Thor em nosso mundo não adotar a identidade de um médico coxo, ou Jane Foster, interpretada por Natalie Portman, não ser uma enfermeira, mas uma astro-física caçando eventos meteorológicos. Contudo, nada disso atrapalha o andamento da adaptação!
Fiquemos gratos pela dupla de roteiristas, J. Michael Straczynski e Mark Protosevich, com a direção de Kenneth Branaghque, apesar de um descuido aqui e ali, souberam mesclar coesamente o tom shakespeariano e as boas doses de cultura pop mundial numa história de origem. O resultado torna tangível o vindouro Os Vingadores de forma que nenhuma outra produção da Casa das Idéias fizera (fiquem atentos aos créditos finais).
Thor é o maior guerreiro de Asgard, filho de Odin (Anthony Hopkins, impecável) e Frigga (Rene Russo, que poderia ser melhor aproveitada), soberanos de Asgard. Desde o início da Humanidade Odin e seus leais soldados têm visitado nosso reino, a Terra, e por virem entre as estrelas são considerados deuses. Então, a Terra tornou-se campo de batalha e fomos protegidos contra o Povo do Gelo, e o poderoso Odin lhes toma a fonte do poder deles evitando, por fim, uma Era Glacial em nosso mundo. Uma trégua é concebida entre a personagem de Hopkins e os Gigantes de Gelo, e a paz finalmente reina a todos.
Anos depois, já no espaço-tempo de Asgard, Thor e Loki são adultos. Quando o primogênito estava a ser proclamado rei, inimigos vindo da terra gélida invadem o território do todo poderoso deus numa tentativa falha de tomar de volta a fonte da energia deles. É então que Loki, Volstagg, Hogun, Fandrall e Lady Sif, ao lado de Thor, desobedecem o Pai de Todos e passam pelo guardião que tudo vê, Heimdal, interpretado pelo rapper Idris Elba. Ele é o responsável pela viagens através da Ponte do Arco-Íris, o Bifrost, que cria um buraco de minhoca cortando o tecido espacial, permitindo a viagem entre os nove mundos que compõem a Árvore da Vida.
O resultado de tamanha desobediência é o banimento de Thor para a Terra, juntamente com o poderoso martelo Mjolnir. Começa a jornada do herói em busca de humildade, vivendo entre simples mortais, totalmente despido de seus poderes, portando apenas as habilidades marciais, e ainda mantém a memória de onde vem (ao contrário da versão clássica das hq's). A grande fissão cultural entre Asgard e a Terra é uma ferramenta acionada para gerar momentos cômicos, bem como discursos mais filosóficos, resultando os acertos da fita épica.
A exemplo do sucinto mote filosófico-científico, a conversa entre Jane Foster e Thor sobre Magia e Ciência. Ambas são formas de se explicar tudo a nossa volta. A Magia é uma resposta que a Ciência ainda não compreende, e em Asgard elas são uma só. É com essa oratória usada pelo imponente guerreiro oxigenado que é explicado a harmonia existente entre os nove reinos que compõem a Árvore da Vida.
Caros amigos, essa é uma das partes mais ricas da produção, um fator muitíssimo importante já que é a primeira vez que uma explicação além da Ciência compreendida pelo Homem é inserida num dos elos que vão resultar n'Os Vingadores, fato que estende de maneira interessantíssima as possibilidades que podem vir a ser abordadas no futuro das franquias. Por mais uma vez, leitores, fiquem atentos a cena pós-créditos. Thor é o elo perfeito entre o mundo científico de Hulk, Homem de Ferro e Capitão América, com o que está além da compreensão humana.
Imbuído nas fantásticas composições em 3D que permitem toda a grandeza do visual de Asgard, a crescente conspiração, trapaças e intrigas vindas de Loki. Já na Terra a reclusão, busca por redenção e o encontro do amor verdadeiro. O filme lida com temas universais balanceados na medida certa. E quando nos damos conta mais explosões, ação, efeitos computadorizados e Thor metendo o cacete quando lhe é cabível com o Mjolnir.
Nerds, aqui encerro já que tenho de me policiar para não revelar muito da obra de Branagh, que contém referencias bem legais sobre o universo Marvel, tornando-se um elemento chave, uma ponte direta para união dos maiores heróis da Terra: Os Vingadores.
Nota 9,0 - Mandou Ver!
Efraim Fernandes – Cinema
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