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Divã

Por Efraim Fernandes


José Padilha Jr. é um roteirista e diretor que ao longo da carreira fez bons trabalhos que marcaram a infância de toda uma geração por comédias como Os Trapalhões e a Árvore da Juventude, O Mistério de Robin Hood e O Casamento dos Trapalhões, por exemplo. Também agradaou a um público mais adulto por minisséries como A Justiceira, Sai de Baixo, Os Aspones, Os Normais... Enfim, um homem calejado no que diz respeito a fazer rir e emocionar pessoas, e Divã está nessa linha: fazer rir, chorar e refletir.

Conheçam Mercedes (a atriz Lilia Cabral). Mulher que se dedicou ao matrimonio, tem dois filhos e a grande amiga Mônica (a hilária Alexandra Richter). Tudo as mil maravilhas, certo? Errado! O filme inteiro se passa dentro de um consultório a qual Mercedes revela, por vezes insegura, todos os seus segredos, aspirações, alegrias e tristezas para um analista. Ela mesma diz, com uma certa dose de arrependimento, que ela e Gustavo (José Meyer) casaram-se no momento em que se conheceram.

A união com ele está ruínas, mas não se dá conta disso pois acredita na instituição que o casamento representa e se ocupa também com a pintura, atividade que ama fazer, embora não saiba se é a verdadeira vocação após anos lecionando matemática. Mas é quando o marido negligente lhe elogia um trabalho que ela desconfia. Não por nunca receber elogios, mas sim pela tela de pintura estar em branco no momento que ele está evasivo ao respondê-la sobre um telefonema, cujo número era desconhecido.

A história é uma verdadeira montanha russa emocional. Depois do fim do casamento ela redescrobre a vida, e com orgulho diz que nunca chorou por ninguém após a morte da mãe quando era apenas uma pequena criança, mas que não o fez na frente do pai Agenor (Elias Gleiser) para não abalar a força dele.

Quando ainda estava com Gustavo, chega a vida da quarentona o arrasa-quarteirão Theo (Reynaldo Gianecchini) que a faz suspirar, assim como toda a platéia feminina nos cinemas. Arqueólogo, aventureiro, mora na Europa e de boa lábia, ou papo furado, que encanta de vez a protagonista. Ela achava que a traição de Gustavo não necessariamente traria o fim do casamento. Seguindo essa risca, envolve-se com Theo. É com ele que é tocada como a há muito não era. A insegurança dela de que é algo errado, proibido, porém extremamente satisfatório, é quando está num motel bebendo champagne na garrafa. E foi uma experiência libertadora.

Nesse vai-e-vem emocional que Monica lhe rende conselhos, além de risadas todo o momento. As duas por vezes têm opiniões fortes sobre a vida, mas se complementam e se entendem.
Em outra fase da vida, ela 'pega' o garotão Murilo (Cauã Rymond). Baladeiro de plantão. Aqui, uma Merces mais ousada quanto divertida, que fica em casa chorando pelos erros e desencontros da vida, ao lado da melhor amiga. Destaque para as cenas de Lilia e Cauã na boate gay ao som de muita música eletrônica, num show de luzes, cores e piadas.

Assim é Divã, que fala de cumplicidade, amor, sexo, amizade, felicidade, tristeza, carência, desapego, morte e o (re)descobrir a vida. Uma boa história que fará não só mulheres, mas homens se identificarem com a personagem de Lilia Cabral, mesmo que voltado à ótica feminina. E você, como está vivendo a sua existência?

Escreveu Efraim Fernandes

4 comentários:

Persio Presotto disse...

mais um belo texto do efraim! abraço, garoto! pp

Blu disse...

Um belo filme também.
Quem não assistiu ainda, assista!

Wilson Oliveira disse...

Pelo post, de fato parece um belo filme.

Com certeza irei aprecia-lo. O cinema nacional merece o nosso prestígio.

Efraim Fernandes disse...

Confesso que este filme não estava em meus planos. Mas depois de vê-lo, eu realmente gostei.