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São Paulo tem grande espetáculo; já Rio somente uma apresentação morna!



Por Efraim Fernandes

O que esperar de uma das maiores bandas de Hard Rock do mundo que há duas décadas não vem para uma apresentação massiva em terras tupiniquins? A resposta é nada menos que um prato cheio para fãs da geração 80 e 90 que parece se renovar por mais e mais. Senhoras e senhores... é com prazer que São Paulo e Rio de Janeiro recebem Bon Jovi!

Apesar da previsão de chuva para ambos os estados, o calor é que permanece deixando todo mundo inquieto. Mas não importava as condições climáticas, já que se deu em São Paulo, no dia 06 de outubro no Estádio do Morumbi, e em seguida no Rio de Janeiro, dia 08 na Praça da Apoteose, a apresentação. Richie Sambora, David Bryan, Tico Torres e Jon Bon Jovi provaram ser como uma das melhores safras de vinho existentes, encorpadas e resistentes ao tempo. O resultado claro é de gerações ebriamente encantadas com os principais hits, desde os clássicos até o mais novo trabalho de estúdio intitulado The Circle, o mesmo nome da turnê.

E tocando na ferida... Ter a banda Fresno para a abertura foi dar pólvora a incendiários, semelhante à bizarra escalação de Carlinhos Brown na terceira edição do Rock In Rio, em 2001, simplesmente pela reação do público.

Sobre a banda, uma coisa há de se admitir: Tiveram a audácia em tocar para uma platéia completamente hostil em São Paulo, e mesmo sabendo da reação mantiveram o tempo todo a cabeça erguida. No Rio a recepção foi menos negativa, sendo até aplaudidos. No geral, uma pressão psicológica e tanto. Irônico, Lucas Silveira disse “muito obrigado pelo respeito”, depois de tocar por cinqüenta minutos no Estádio do Morumbi.

Agora, vamos ao que realmente interessa...

São Paulo


Privilegiados são os paulistanos que tiveram o prazer de serem os primeiros no Brasil a receberem os músicos nesse hiato de quinze anos. Já de cara, após uma belíssima introdução regada à euforia com palavras reluzentes organizadas de forma a reproduzirem um círculo, um verdadeiro pé na porta e tapa na cara, sem avisos. Era Blood On Blood, parte dos primórdios. Um estouro em gritos, e vemos os pulos característicos de Jon.

Era o início de uma memorável apresentação para nada menos que 61 mil pessoas (reza a lenda que beira aos 70 mil!). A viagem de nove horas e a espera na fila que durou mais sete, deste que escreve, valeu à pena, e muito.

O tempo segue fácil com os pagantes das pistas e arquibancadas, ensandecidos e cantando os refrões de We Weren't Born To Follow com a projeção de mártires e líderes como Barack Obama, Martin Luther King, Dalai Lama, Chico Mendes, Elvis Presley, Jimi Hendrix e o rei Pelé, por exemplo. Belíssimas imagens sincronizadas com os músicos, sem atraso algum.

You Give Love A Bad Name, Born To Be My Baby, Lost Highway, Work For The Working Man e Who Says You Can't Go Home caem fácil na graça dos fãs. Aliás, tratando-se de repertório os que acompanham religiosamente o quarteto estão muitíssimo agradecidos. Uma bela surpresa foi Runaway, que faz parte do início de carreira, regada com os sintetizadores de David Bryan!

Mal dá tempo de respirar e vem We Got It Going On e It’s My Life, esta última com o telão servindo de enorme mosaico cheio de dinamismo! Impressionante é que só se houve o público e guitarras de Richie Sambora.

Foram ao todo 27 canções que mesmo com tamanha satisfação em três horas de performance, com doses cavalares de empolgação e energia, deixam um gostinho de ‘quero mais.’

A idade pesa, verdade seja dita. Muitos lembram de Jon socando o ar, pulando e vociferando com um agudo estridente e em tons nasais os clássicos refrões. Mas indiscutível é a qualidade deste carismático cantor de 48 anos, que soube envelhecer bem tanto musicalmente quanto esteticamente (isso de acordo com as fãs, que fique claro, hein!). Não faltou dancinhas, rebolados e sorrisinhos para a mulherada.

Intercalando um sucesso e outro, as rápidas e já esperadas palavras “How we are going so far, ok?” e o grito “Are you still with me out there?”. E a partir daí só histeria e reciprocidade. O frontman brinca que a partir de agora as apresentações deveriam ser a cada ano devido à troca de energia da noite.

Entra a balada Superman Tonight, uma das mais belas do décimo primeiro álbum de estúdio, The Circle. A introdução era cantada por todos os presentes, e por vezes era quase inaudível na pista a voz característica do Jon. Aproveitando o fôlego dos milhares, ele fecha os olhos, puxa ar dos pulmões e mostra o que faz dele ser um verdadeiro showman.

Um dos pontos altos, e até mesmo mais esperados, foi Bad Medicine que como de praxe houve aquela paradinha esperta. O cantor brinca dizendo que não quer nada a não ser problemas... era um dueto de Jon com Bobby Bandiera interpretando Pretty Woman, de Roy Orbinson. Daí, o prosseguimento com o vulcânico, explosivo e positivo trecho de Shout (originalmente dos Isley Brothers) descendo e levantando os braços, o movimento característico de abrir e fechar as mãos, pernas e cabelos agitados, e os pulinhos do galã, para depois os acordes finais voltando a Medicine. Delírio total!

Jon aproveita e sai rapidamente deixando a responsabilidade do entretenimento para Richie com seu vozeirão e dedilhar nas guitarras com Bryan nos sintetizadores. Era a hora de Lay Your Hands On Me, com a pegada ao estilo Gospel e imagens de vitrais de igreja ao telão. A canção termina e as luzes apagam.

De repente uma seqüência de batidas do incansável Tico Torres. Mesmo estando mais atrás ele não passa despercebido pela energia que impõe a cada hit! Bastou-se apenas poucos segundos para gritos e choros já que é Always, um dos momentos mais nostálgicos da noite, com refrão partilhado numa entonação em conjunto. A guitarra de Sambora é melodia pura.

Foi simplesmente incessante os hits: Blaze of Glory, I'll Be There For You e Have a Nice Day. A banda já se perpetuou há anos com umas das melhores quando se trata de baladas, muitas delas de rock farofa, é verdade... mas apesar de muitos considerarem brega por serem emotivas, e até mesmo tendo um pézinho no pop, nunca fui desprovida de inteligência, mensagens positivas e até mesmo críticas sociais.

O clima literalmente esquenta com Keep The Faith com os jogos de luzes, punhos erguidos, os pés saindo do chão e explosão de vocais! Logo após, uma surpresa. Era o estádio cantando parabéns ao batera Tico que iria completar 57 anos na quinta-feira.

O tempo passa rápido e o espetáculo já apontava para reta final, e por eliminação de sucessos especulavam-se quais mais restavam no impecável set list. Ninguém fica parado!

Então, o começo ao piano da reflexiva These Days e a teatralidade do vocalista, mais uma em uníssono reverberando no Morumbi. Dando prosseguimento ao show, os acordes do violão ao estilo cowboy de Wanted Dead Or Alive. O público se adianta e canta a introdução. Os músicos se espantam sobre como todos são precoces. Jon piscando os olhos faz sinal de negativo com os dedos e balançar da cabeça, que esperassem a hora certa de cantar, e surge a voz dele com direito a um gigantesco raiar do sol no telão.

A agitação não para e vem Someday I'll Be Saturday Night, obrigatória no repertório de quem se julga fã. E cá pra nós: Eita musiquinha maneira de se cantar!

As luzes apagam. Era chegada o ponto alto da noite. O grandioso hit Living On A Prayer teve o refrão como forma de pedido de todos. Missão cumprida. Era essa a mais entoada. A emoção era inegável ao terminar, tanto por público quanto pelos artistas. De olhos marejados e um sorriso quase tremulo ao rosto Jon, estático, só para e olha. Depois agradece e sai!

Uma rápida reunião ainda ao palco. Com a mão direita o líder indicava que haveria apenas mais uma. A galera delira. David se encarrega ao fazer o abre-alas. É Bed of Roses, a mais emotiva de todas que ao vivo transborda lágrimas, fechando com chave de ouro uma memorável apresentação, e sem dúvida é uma das melhores na carreira do quarteto no Brasil.

Rio de Janeiro


Infelizmente o show na capital fluminense não teve o mesmo impacto que em Sampa. As expectativas eram altíssimas por não se apresentarem há quase vinte um anos na Praça da Apoteose, como bem disse o vocalista, mas ainda assim algo a se guardar na memória.

O público cantava alto, emocionado. Mas a banda fez uma performance modesta, porém firme! O destaque foi ver Jon Bon Jovi após a What Do You Got com o violão a mão mostrando o set list e rasgando-o, mudando completamente os planos. Mostraram-se um pouco as músicas menos conhecidas do grande público, o que tornou tudo um pouco mais ‘íntimo’. Por exemplo, Thorn in My Side do novo álbum que é um reflexo direto da sincronia entre Sambora e Jon num solo de guitarra de arrepiar. Só quem conhecia um pouco mais a fundo as canções acompanhou algumas destas sem problemas e ainda que não, era só deixar levar pela melodia.

Apesar de uma mudança aqui e ali, mantiveram quase o mesmo escopo da apresentação feita para os paulistanos. Destaque para When We Where Beautiful uma das de grande impacto emocional, que aliada ao charme do galã fez arrancar suspiros da mulherada.

Tudo termina com a clássica These Days, digna de aplausos. Eles saem dizendo que em breve os veremos novamente. Que não leve outros quinze, vinte anos. Sobe o som de My Way, de Frank Sinatra. E assim a noite acabara.

A Saudade!

Este que vos escreve pede perdão caso não tenha transpassado toda a emoção e sentimento ao presenciar uma das bandas que ajudaram a formar a identidade musical de muitos. É difícil agradar gregos e troianos. Mas para tal, algumas fotos e uma compilação dos melhores momentos em Sampa e Rio. E perdão aos palavrões, era ansiedade e adrenalina traduzidas em palavras de baixo calão, mas de poder libertador!

Se pudesse definir a vinda do quarteto (São Paulo especificamente) em uma única canção, seria One Wild Night, que infelizmente não fez parte da listagem, representando totalmente a essência da noite. A música é um verdadeiro alimento para mente e alma humana, e com esses tiozões de Nova Jérsei temos um prato cheio.

Em tempos de bandas coloridas a minha cafonice, e a de mais 100.000.000 fãs, é ouvir os responsáveis pela venda de mais de 120 milhões de discos e ganhadores de incontáveis prêmios. Foram mais de duas mil e seiscentas apresentações em estádios em aproximadamente cinqüenta países ao redor do globo!

Caros nerds, e amantes da banda... São vinte e sete anos de carreira repletos de conquistas que foram espelhadas em duas noites selvagens. Uma verdadeira festa o qual a vida foi vivida... Tudo que nós brasileiros simplesmente tivemos foi uma noite selvagem!

Confira os set lists:

São Paulo

Blood on Blood
We Weren't Born to Follow
You Give Love a Bad Name
Born to Be My Baby
Lost Highway
Superman Tonight
In These Arms
Captain Crash & The Beauty Queen From Mars
When We Are Were Beautiful
Runaway
We Got It Going On
It's My Life
Bad Medicine (c/ Pretty Woman e Shout)
Lay Your Hands
Always
Blaze of Glory
I'll Be There for You
Have a Nice Day
I'll Sleep when I'm Dead
Work For The Working Man
Who Says You Can't Go Home
Keep the Faith
These Days
Wanted Dead or Alive
Someday I'll Be Saturday Night
Livin' on a Prayer
Bed of Roses


Rio de Janeiro

Lost Highway
We Weren’t Born To Follow
You Give Love A Bad Name
Born To Be My Baby
Superman Tonight
The Radio Saved My Life Tonight
Just Older
Runaway
It’s My Life
Bad Medicine (c/ Pretty Woman)
Homebound Train
What Do You Got?
Always
Happy Now
Thorn In My Side
Someday I’ll Be Saturday Night
Who Says You Can’t Go Home
Love is The Only Rule
Keep The Faith
Wanted Dead Or Alive
Livin’ On A Prayer
These Days

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