Tudo errado na Lusa

Nesta quarta-feira de manhã uma notícia ainda pouco comum nesse futebol brasileiro recheado de acontecimentos reprováveis. Após perder para o Vila Nova por 2 a 1, em pleno estádio do Canindé, a Portuguesa teve seu vestiário invadido por quatro homens armados, que tinham a intenção de intimidar os jogadores da Lusa. A informação foi passada pelo técnico René Simões na coletiva pós-jogo. Os atacantes Edno e Héverton teriam sido os principais alvos.

Antes de sair falando sobre a vergonha, a desorganização e todas as coisas de errado no país que será sede de uma Copa do Mundo, devemos analisar o fato em separado. E uma dúvida fica no ar: como esses homens tiveram acesso ao vestiário da Portuguesa?

No ano de 2004 a sede do Fluminense foi invadida por cerca de 30 jogadores que chegaram a jogar galinhas dentro do campo. No ano passado, a Gávea também foi invadida por marginais vestidos de torcedores. Um deles atirou uma bomba no gramado enquanto o time treinava.

Nesses dois casos, levantou-se a suspeita das diretorias dos respectivos clubes terem facilitado a entrada dessas pessoas. Seria o mais óbvio já que as sedes dos times costumam ter segurança e apenas sócios costumam ingressar diariamente. Para que as Torcidas Organizadas entrem, é necessário autorização.

No caso da Lusa, ainda não se sabe se esses homens fazem parte de Organizadas ou não. Mas independente disso, ficaria muito difícil a entrada deles no vestiário se não houvesse uma autorização superior. O que já representa o erro um.

O erro dois, é alguém achar que intimidação, ainda mais utilizando armas de fogo, possa melhorar a situação do time, que não vence na série B há seis partidas.

A Portuguesa é um time respeitado não apenas estadualmente, mas nacionalmente. Foi o vice-campeão brasileiro de 1996, teve grandes ídolos como Dida, Djalma Santos, Leivinha, Zé Maria, Zé Roberto entre outros. Mas, por outro lado, é preciso entender que a situação enfrentada não é nada fácil. E se o time não consegue uma reação a ponto de voltar à série A e permanecer fazendo boas campanhas, é porque o motivo negativo deve ser muito mais além do que os jogadores que lá estão, que aliás, não caíram de pára-quedas, mas estão lá por que alguém contratou.

Ou a diretoria precisa perceber a situação e tomar as medidas corretas, como contratar gente competente para tirar o time dessa situação, ou os conselheiros precisam agir contra atitudes inaceitáveis de quem tem o poder.