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Eram Deuses ou Rock Stars?

Por Efraim Fernandes

São poucas as bandas que conseguem manter a fidelidade e credibilidade de fãs por mais de 30 anos, ganhando ao passar do tempo mais público jovem. E numa única noite eles conseguiram provar porque são uma das maiores e melhores bandas de metal do mundo. Senhoras e senhoras, a dama de ferro, Iron Maiden!

A espera enfim estava terminando. A contagem regressiva após oito anos de espera realmente estava em curso para os meus conterrâneos.
Depois de uma bela apresentação no Rock In Rio de 2001 e de outra grande performance em 2008, mas infelizmente não no Rio de Janeiro, o pedido de desculpas de Bruce ao público carioca. Pois bem, essa gafe fora sanada na noite de 14 de Março de 2009 às 21 horas e 45 minutos.

Chuva, milhares de fãs abarrotados na praça da apoteose adentrando os portões de chão molhado e escorregadio. Depois da banda de abertura da deliciosa Lauren Harris (filha do baixista e criador da banda principal da noite) as luzes se apagam. Era o começo do Iron Maiden – Somewhere Back In Time Tour 2009.

Uma voz cavernosa e sussurrando na abertura. Uma explosão de luz e era a clássica Aces High! Já na primeira canção você podia sentir a presença de palco de Bruce Fuckin’ Dickinson a metros e metros do palco. Em seguida, o coro na platéia de 2 Minutes To Midnight e Wrathchild. Bruce brinca: "Disseram que este lugar é do samba. Achei que não teria fãs de heavy metal aqui! No ano passado não tocamos aqui, mas agora mudamos o repertório para compensar". Palmas, gritos e energia transbordavam. É quando entra Children of the Damned. Mas era o começo, um aquecimento para o que estava por vir.

O delírio veio com uma das melhores: Phantom of The Opera. Um rápido discurso do front man sobre o quão importante são os fãs nessas três décadas e agradecimentos por eles serem recebidos Mas somos nós que agradecemos por eles estarem aqui. Quando se achava que não se podia melhorar, The Trooper. Nesta música a melhor teatralidade do vocalista, fardado como um soldado britânico e bandeira do país de origem a mão. Ao fundo, no palco, para cada canção uma arte diferente que faz referencia a música interpretada. Em uma das canções ele até mesmo cantou com um casaco preto e máscara tribal. Mais teatralidade do que isso, impossível.

Ainda em The Trooper, Adrian Smith com movimentos acrobáticos, quase que marciais com a guitarra. Giros, saltos, retornando com o instrumento à mão em tempo de acordes precisos. Em seguida uma das canções mais queridas e de maior significado a mim, WastedYears. Harris é simplesmente incrível tocando o baixo. O cara tem uma monstruosa energia, e a clássica pose em que se abaixa e ‘atira’ no público dedilhando o instrumento.

Rime of the Ancient Mariner passa e vem Powerslave. Enquanto cantava o vocalista faz uma pausa de alguns minutos para trocar uma idéia com o público. O mais incrível foi presenciar um relativo silêncio dos mais de 20 mil na Apoteose. O olhar de satisfação de Dickinson ao falar “Man, you are fuckin’ mad!!!” foi única e ele disse porque todos só sabiam pular, gritar cantar refrões e rodinhas punk em meio às apresentações. Ele também agradece a todo tempo em poder tocar em terras cariocas e dá um recado aos paulistas: "Alô São Paulo, estamos chegando". Teve um rápido espaço para um merchanzinho do novo filme Flight 666 nos cinemas brasileiros, e que em 2010 um novo álbum de estúdio estará pronto para que no ano seguinte um novo show no Rio seja realizado. É quando retorna sem aviso a Powerslave com seu truncado jogo de luzes e pirotecnia.

Estávamos nos aproximando do fim e as coisas esquentaram mais, literalmente. Éramos 22 mil pessoas aproximadamente, de acordo com a Polícia Militar, estando João e eu literalmente no meio delas suando. A entrada de bateria de Run To The Hills é inconfundível. Todos ficam em alvoroço mais uma vez, coisa recorrente em praticamente em todas no repertório da dama de ferro. Estouros de labaredas de fogos no palco, crescendo quase tocando os holofotes ao teto do palco iluminando a platéia. Histeria pura.

Por falar em histeria, um dos momentos mais esperados e conhecidos: "Feaaaar of The Darrrrrk", do repertório do álbum de 1992! De todas, foi nessa que não houve um parado, por mais cansado que pudéssemos estar por causa dos riffs de guitarras de introdução, as rodas se abrindo, bebidas arremessadas, cheiro da canabis, fumaça ao alto... depois mais um notório sucesso: Hallowed Be Thy Name, a qual sempre rola o "scream for me Brazil, Screeeaaam for me Brazil!". Realmente difícil dissertar sobre quais melodias obtiveram maior êxito.

Então, o mais memorável instante. A esfinge dourada gigante no palco na forma do rosto de Eddie, o mascote dos integrantes, com a música que leva o mesmo nome da banda. Bruce estava em meio ao fogo no palco, literalmente! Apesar do frenesi da música, Dave Murray sempre com um ar calmo e de mãos inquietas na guitarra. A esfinge se abre saindo um Eddie gigantesco mumificado que vem a parte mais a frente do palco, indo para esquerda e direita. Delírio total para fãs.

Tudo escuro. Pontos de luzes vermelhos, um grande demônio na lateral e era The Number of The Beast, a clássica das clássicas. Mal deu tempo para respirar e The Evil That Man Do com a participação de um Eddie articulado de mais de três metros, avermelhado em referencia ao álbum Somewhere in Time de 1986. Adrian Smith não parava de se mexer e o companheiro de guitarra Janick circundava o grande mascote entretendo todos.

Era chegado o momento final com Sanctuary quando Bruce apresenta cada membro e a promessa de voltar. "Vejo vocês em breve!" A certeza se deu quando Nicko McBrain se levanta da sua quase fortaleza, a bateria a qual toca com maestria. O homem que talvez mais sue no show inteiro. Quando ele vai ao centro e agradece, fica um gosto de satisfação. Ele joga as bateras no mar de pessoas e se vai.

As pernas doem bastante por pular, o corpo está banhado por cerveja, o corpo está dolorido. Você sente a melhor dor do mundo, a melhor sede do mundo por que sabe que valeu a pena a espera por aqueles momentos. É quando meros mortais voltam a sua rotina, às vezes enfadonha, e para quebrá-la um pouco é possível perder-se nos pensamentos e relembrar a sensação de estar num mar de pessoas para um show que tem potencial para mudar a vida de muitos.

Para visualisar os vídeos, clique no título do texto. Up The Irons! Up The Irons! Classificação: Delírio Áudio-Visual!

6 comentários:

Persio Presotto disse...

Boa! Eu sou da Geração Rock'n Roll, aquela que amava os Beatles e os Rolling Stones. Abraços, PP

Anônimo disse...

Ainda estou na duvida se vou no show aqui em Brasilia, porque nem sei se curto mais o Maiden, pois já curti muito na minha adolescencia e juventude, mas hoje em dia sequer tenho Cds deles e perdi minha coletanea de vinil que possuia, mas sempre tenho boas lembraças, abraço.
Saudações do Gremista Fanático

Wilson Oliveira disse...

Belo relato, Efraim!

Fica aqui a minha satisfação em saber, através do seu post, como foi o show que eu lamentei muito em não ter ido.

Iron Maiden sempre é Iron Maiden.

Abraços a todos os leitores!

Vinicius Grissi disse...

Texto espetacular. Deu pra sentir exatamente como foi o show.

O Iron Maiden é uma banda fantástica, que realmente arrasta multidões de fãs capazes de tudo para vê-los tocar.

Hoje eles tocam aqui em BH. Não vou, mas tenho certeza que será inesquecível para os fãs.

Fernando Gonzaga disse...

acho que quem curte o rock´n´roll não pode deixar de ir a ao show do Iron....célebres personagens da história do rock...

abraço!!

Leandrus disse...

Sei que estou atrasado para comentar, mas não podia perder essa oportunidade. Iron Maiden é minha banda favorita, tenho só 21 anos mas já os vi 3 vezes e achei essa a melhor apresentação que já presenciei deles. Set list excelente (na boa, nunca sonhei em ouvir Children of the Danmed ao vivo, quase fui embora depois dela de tão satisfeito que fiquei, rs), banda muito boa no palco, Bruce é um excelente frontman, a pirotecnia caiu muito bem...enfim, show muito bom. Depois de Sanctuary eu poderia ouvir tudo de novo tranquilamente, rs.

Ateh!