Sem moral

Na Gávea, ninguém se entende. O goleiro Bruno ofendeu gratuitamente o auxiliar Andrade, após ter sido provocado de forma descabida. O meia Ibson se irritou com o ala Juan devido a uma entrada mais dura no coletivo. A diretoria anunciou multar os infratores, descontando uma quantia dos salários. Que salários?

Este é um ano de eleição. O atual presidente está suspenso por mais de 1000 dias, por se declarar contrario a atitude da Federação Carioca e o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio ao penalizar o Vasco da Gama.

São acontecimentos que beiram ao caos administrativo. Tenho a impressão de o clube estar abandonado. A presidência não tem moral para querer aplicar multa aos jogadores, pois não consegue nem cumprir com suas obrigações salariais.

Surgem rumores do fabricante de material esportivo boicotar o fornecimento dos uniformes (caso isso aconteça, não será a primeira vez). A cota de patrocínio da empresa estatal que tem o seu nome estampado na blusa fica retida por seguidas vezes, já que o Flamengo coleciona dívidas em impostos. No total, são mais de dois milhões de reais que o rubro-negro tem para acertar, com governo e com profissionais que já passaram e que ainda trabalham no clube, como os da Ginástica Olímpica, que só faltaram ser escorraçados. Mas diante disso tudo, não há nem sombra de soluções. Nenhuma esperança.

É incrível como entra ano e sai ano e o Flamengo permanece estagnado nas suas crises que estão cada vez mais familiares.

O clube de maior torcida, também é o que aparenta ser o mais bagunçado. Esse, talvez possa ser um dos piores anos para a apaixonada e descrente nação flamenguista. Quando se olha para a diretoria, se tem a impressão de se tratar de uma infeliz mistura de incompetência com descaso. Por ser o fim de um mandato, parece não haver o mínimo de preocupação com a derradeira situação do clube.