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Eleitores falam ao FV sobre suas escolhas para a presidência da república


Entendendo que para um debate sadio, necessário e, sobretudo, útil é preciso que se dê a devida atenção a todas as vertentes de pensamentos, o Futebol & Variedades escolheu três cidadãos para entrevistá-los. Um declaradamente eleitor de José Serra, outro da Marina Silva e por fim, outro que votará na Dilma Rousseff.

Queremos saber como os brasileiros concluem o que é melhor para o país, quais os parâmetros utilizam para fazer uma escolha tão importante: a de comandante da nação nos quatro anos seguintes.

Você já parou pra pensar nisso? Ou melhor, já conversou com alguém sobre isso? Aproveite a oportunidade e leia as respostas dos três, seguida de cada pergunta. Esclarecemos a todos que as três entrevistas foram feitas por intermédio de e-mail, com as mesmas perguntas sendo enviadas a cada um, só tendo modificado o nome dos candidatos.

A ordem das respostas seguirá de acordo com a última pesquisa Datafolha divulgada no dia 21 de agosto que apresentou Dilma com 47% das intenções de voto, José Serra com 30% e Marina Silva com 9%. De início, uma breve apresentação de cada entrevistado:

Carlos Macedo, Rio de Janeiro (eleitor da Dilma Rousseff – PT)

Quero parabenizar a iniciativa do Futebol & Variedades que desde já quebra a barreira do estereótipo criado de que o brasileiro não pensa e nem discute política seriamente. Acredito que essa matéria prova exatamente o oposto. Estou me dispondo livremente para falar da minha escolha na candidata Dilma Rousseff.

Trabalho como caixa numa livraria que pertence ao meu pai e sou estudante de Ciências Socais. Agradeço a Deus todo dia por ter uma condição na minha vida que me permite aliar um trabalho que me agrada aos meus estudos, que cada vez estou mais empenhado, inclusive pra fazer carreira como pesquisador.

E gostaria de aproveitar pra dizer o seguinte. No pouco que já estudei, posso dizer que num país democrático, com governantes que não façam nenhuma aberração política, o poder público exerce menos da metade de influência na vida de um cidadão. A grande parte fica dividida entre a determinação, força de vontade e capacidade do indivíduo. Se na vida de uma pessoa tudo esta errado, a culpa não é do presidente da república, seja ele o FHC, o Lula, o Serra ou a Dilma.

José Renato Bonventi, São Paulo (eleitor do José Serra – PSDB)

Quero parabenizar a você e a seus colegas pela iniciativa das entrevistas. Muito bom ver a juventude exercendo a cidadania dessa forma. Sinto-me honrado por ter sido um dos escolhidos, e tentarei responder da melhor forma possível.

Tenho 43 anos e sou empresário, atuante no mercado imobiliário há 25 anos, atividade que hoje exerço bem menos do que a de consultor e administrador especializado em shopping centers. Trabalho nesse setor há quase 15 anos, e tem sido muito gratificante. Se tiverem mais interesse a respeito do assunto, sintam-se a vontade para perguntar.

Pedro Spiacci, Santa Catarina (eleitor de Marina Silva – PV)

Pedro Spiacci é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Possui um blog sobre futebol que se chama Simplicando o Futebol. Colabora para a revista Doentes por Futebol e para o blog do jornalista Lédio Carmona, que se chama Jogo Aberto e é hospedado no site Globoesporte.com

Porque você escolheu esse candidato?

Carlos Macedo – Dilma: Não acho que o governo Lula tenha sido excelente ou até mesmo exemplo para outros países. Mas, convenhamos, são 80% de aprovação em institutos que dizem ser a favor e contra o PT. Se 80% do povo aprova, não é por algo que ele falou ou deixou de falar e sim pelas suas ações. A ministra Dilma é a continuação dessa política voltada para os mais necessitados. Como disse, o poder público exerce menos da metade de influencia na vida de um cidadão. E as pessoas mais pobres precisam dessa quantia de influencia.

E essa coisa toda de ex-terrorista, ex-assassina... Sugiro a quem acredita nessa blasfêmia toda, que estude um pouco a história de vida da ministra. Durante toda sua juventude, ela foi firme e determinada na luta contra o governo militar. A acusação mais grave que sofreu, foi quanto à suposta participação no roubo do Cofre de Adhemar, ex-governador de São Paulo. Ela seria a mentora e estrategista do plano. Mas até hoje isso não foi devidamente provado. Enquanto não trouxerem provas concretas, pra mim não passará de intriga da oposição.


José Renato – Serra: Por exclusão. Na minha juventude, fui muito participativo politicamente, mas hoje estou extremamente decepcionado nesse sentido. Nunca votei no Serra, não é o tipo de político que me encanta (hoje nem sei mais qual seria esse político). Mas entendo que seria a melhor opção para consertar parte do estrago administrativo causado pelo governo Lula, assim como outros erros primários que em médio prazo irão prejudicar demais nosso país.


Pedro Spiacci – Marina: Escolhi, pois a considero uma terceira via de pensamento, tendo em vista que já “testamos” os modelos de comando de PSDB e PT. Os dois lados tiveram seus acertos, mas erraram muito também. Por isso aposto nessa terceira via. Além disso, vejo e julgo ser fundamental o crescimento sustentável, uma das diretrizes principais de sua campanha.


Você tem simpatia, única e exclusivamente, pelas propostas de seu candidato, ou você também se sente familiarizado(a) com as idéias do partido dele?

Carlos Macedo – Dilma: Eu não sou petista. Na época do Mensalão até torci para que os envolvidos fossem expulsos do partido, mas no sentido de serem escorraçados mesmo. Não foram e isso me desapontou. Mas devo reconhecer que ainda tem muita gente boa no partido. É parecido com o diretório da faculdade: tem os canalhas e os competentes, todos defendendo as mesmas idéias. Lula e Dilma, a meu ver, estão no lado dos competentes, assim como o Celso Amorim e o Antonio Palocci. Dois que eu torci demais para estarem hoje no lugar da ministra, que assim como nosso presidente, vai apanhar muito no início pela falta de experiência.


José Renato – Serra: Estamos atravessando um quinto mandato. Na essência, os governos Itamar, FHC (2 vezes), e Lula (2 vezes), representam uma continuidade . Lula foi um péssimo parlamentar, banalizou e elevou a corrupção a níveis inimagináveis, porém, mostrou-se um político dos mais hábeis. Quando assumiu o poder, permitiu que o PT e os aliados deitassem e rolassem no governo nos cargos secundários, porém, não abriu mão de entregar os cargos chave (economia, banco central, etc.), a pessoas extremamente capacitadas, e com um projeto de continuidade do Plano Real, que é o maior marco positivo da história recente no Brasil.

Acho todos os partidos muito parecidos, o PT e o PSDB mais ainda. E não me lembro de ter votado pelo partido em qualquer eleição. Sempre votei em pessoas, e partindo dessa premissa, eu acho que já votei em gente de quase todos os partidos, exceto, é claro, nas aberrações (Pc do B, PCB, etc.).


Pedro Spiacci – Marina: As propostas dela não se resumem ao quesito simpatia. Na verdade, extrapolam isso. Nunca votei no PV, mas tenho esse lado de defesa do sustentável como o partido tem. A sigla também passa uma credibilidade e a honestidade, o que hoje se tornou qualidade e não obrigação como em outrora. Porém, confesso que se a candidata não fosse a Marina, dificilmente teria voltado meus olhos para o candidato(a) do PV.


Quais as suas principais críticas aos candidatos adversários do seu escolhido?

Carlos Macedo – Dilma: A Marina é boazinha e você vê que ela tem boa vontade, mas não tem o principal: capacidade. E ela está concorrendo pra ser presidente do Brasil e não da Amazônia, apenas.

Já o Serra é aquele típico político gaiato. Fica todo bonzinho na hora de pedir voto, mas você sabe que ele não é bonzinho na hora de governar. Minha tia mora em São Paulo e não quer vê-lo nem pintado. E o programa dele não me parece muito claro, tem gente que acha que ele é o candidato do Lula. Essa confusão na cabeça do eleitor é culpa dos assessores do Serra e da falta de clareza em seu programa. E também desconfio muito da coligação existente em torno da sua candidatura.


José Renato – Serra: A candidatura da Marina é uma piada, nem projeto ela tem. Ela é uma técnica. Entende muito de meio ambiente, mas nos ministério mostrou-se lenta, desfocada, burocrática.

Dilma foi quem administrou o governo nesse segundo mandato. Infelizmente, o melhor candidato do PT (em quem eu votaria), se queimou num desses escândalos do governo. Palocci tem o jogo de cintura do Lula, com muito mais postura e sem compartilhar com as idéias mais esdrúxulas das alas mais esquerdistas do partido. O Governo Dilma terá os piores defeitos do governo Lula, sem, contudo, herdar nenhuma das suas qualidades.


Pedro Spiacci – Marina: A principal crítica seria o continuísmo que ambos representam. Claro, se os governos de seus partidos tivessem sido perfeitos, a continuidade seria válida, mas como passaram longe disso, prefiro tentar uma terceira via que se apresenta como bastante confiável.


Se o seu candidato ficar fora de um eventual segundo turno, você votará em qual dos outros dois que segue mais bem colocado nas pesquisas?

Carlos Macedo – Dilma: Quanto a isso estou tranqüilo. A vitória da Dilma é certa. O povão mesmo não vai votar no Serra. Acho que ela vence no primeiro turno, ainda. Mas se fosse o caso da pergunta, ia de Marina por eliminação.

E outra coisa. Os caciques do PSDB e do DEM sabem que entraram numa batalha perdida. A chance deles seria lançar o Aécio Neves, um aliado de Lula por trás das lentes, mas que, concorrendo para a presidência, faria o petista perder um forte colégio eleitoral que é o de Minas Gerais e que, por conseqüência, seria uma perda arrebatadora do Sudeste, já que São Paulo abraçaria o Aécio de uma forma até previsível. E ele ainda teria potencial para abocanhar um bom número no Rio de Janeiro. Até eu, entre Dilma e Aécio, balançaria.


José Renato – Serra: Serra entrou numa eleição perdida. Tinha um segundo mandato paulista garantido, mas foi teimoso e desfocado. Lula, que elegeria até o Bruno (o goleiro assassino), nem entrou direito ainda na campanha, e quando isso ocorrer, será um massacre.

Lula é o ser humano mais sortudo da história do Planeta. Se tivesse sido presidente nas vezes que perdeu, teria sido preso. Com o sucesso do Plano Real, e com o Brasil abastecendo o mundo com comida e matéria-prima, estaríamos nessa situação de crescimento e estabilidade até se o Presidente fosse o Pitta ou a Erundina (os dois piores prefeitos da história de São Paulo). Lula colhe esses frutos e utiliza seu populismo tradicional e sua origem pobre (somos o único povo do mundo que considera "sucesso financeiro" um crime digno de pena de morte), para se transformar quase num Deus. Até quando fala bobagem (o que acontece frequentemente), o povão arruma uma forma para admirá-lo ainda mais. É tese para simpósio de sociologia.


Pedro Spiacci – Marina: Ainda não pensei nessa possibilidade, quero esperar mais debates, mas hoje votaria em branco.


Se dois eleitores indecisos (um pobre e um rico) lhe perguntassem qual candidato você o aconselha a votar, o que você responderia a eles?

Carlos Macedo – Dilma: Não responderia nada. Falava pra largar de ser mal informado e ler mais jornal. Candidato, time e religião é coisa que você não aconselha ninguém a escolher.

José Renato – Serra: O governo Lula dobrou o custo do Estado, mostrou-se o mais corrupto da história, fez o Brasil passar vergonha em diversas causa internacionais. Essa última de querer salvar a moça condenada a pena de morte no Irã foi a gota d’água...

O Lula está cansado de saber que seu grande aliado é um dos ditadores mais sanguinários e cruéis do planeta, e aparece com essa bobagem populista para mais uma vez jogar para a galera. Pior que isso, Lula insiste nesse antiamericanismo imbecil, apoiando o que tem de pior na política intenacional.

Um improvável governo Serra, certamente seria mais responsável administrativamente. Não perderia tempo com essa megalomania internacional, e manteria, com muito mais foco, as políticas sociais e econômicas. Repito que Serra passa longe de ser o candidato dos meus sonhos, mas é certamente a melhor opção para nosso país.


Pedro Spiacci – Marina: Indicaria aos amigos que buscassem se informar sobre as propostas dos candidatos e que procurassem acompanhar mais a fundo a vida dos mesmos, pois existe muito material a disposição para contribuir na decisão deles. Não tentaria influenciar, pois julgo que o voto é de cada um.


Desde que foi definido que haveria uma cobertura das eleições 2010, independente de apresentar ou não a sua visão, opinião e pensamento, o Futebol & Variedades se colocou disposto a apresentar algo muito mais relevante do que uma simples imparcialidade banal e maquiada: a possibilidade de um debate claro e aberto com todas as correntes de idéias.

Assim será até o dia do pleito decisivo e por toda nossa caminhada, em qualquer tema que for. Não queremos bancar os isentos, mas sim, sermos um canal de exposição de idéias e convivência respeitosa, de pessoas que discordam, mas que vivem perfeitamente no mesmo espaço.

Aos que freqüentam esse blog, possivelmente já perceberam nossa linha de atuação. Não escondemos o que acreditamos, mas convidamos a todos para serem cidadãos.

2 comentários:

André Peixoto disse...

Wilson Hebert, sensacional essa idéia de trazer esse post a tona, é como se fosse um debate de três pessoas que estão frente a frente defendendo o seu candidato.

Foi um debate bacana, perguntas interessantes e respostas idem, onde os três tentaram da melhor forma defender o seu candidato, e conseguiram, debate de alto nível mesmo.

Posso destacar o Carlos Macedo, que defende a candidata que irei votar, concordo com várias situações que ele colocou durante a entrevista. Não que as respostas dele me influenciou no meu voto, já que está encaminhado, (bem por sinal) mas as suas ideias são bem semelhantes as minhas.

Parabéns aos três entrevistados pela forma clara que defenderam o seu "peixe", e também a você WH pelo blog, seção política tá bombando.

Abraço.

André Peixoto

Lúcia Martins disse...

Nunca tinha visto uma matéria nesse sentido. Interessantissimo vcs darem voz aos eleitores. Esse debate foi mais qualificador até que o dos candidatos.

Tem umas respostas que foram até divertidas de ler.

Ainda não me decidi, mas pelo que os amigos falaram, deu até uma clareada pra mim de quem defende o quê. Bem legal.

Parabens a todos os envolvidos!