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História do System of a Down – continuação

Por Wilson Hebert

Aos poucos o Futebol & Variedades vai recuperando um antigo hábito de fazer posts contando a história de bandas e músicos importantes. É exatamente por isso que essas duas postagens sobre o System representam bastante para a história do blog. Esperamos que você, nosso caro leitor, tenha curtido o primeiro texto e possa igualmente curtir este, que completará toda a biografia da banda com os acontecimentos após o “Steal this Álbum” até os dias atuais.


Causas sociais

Após toda a confusão envolvendo rádios e músicas inacabadas que culminou com o lançamento do Steal this Álbum , Serj Tankian resolveu transformar todos esses acontecimentos da sua, até então, recente carreira de astro do rock em poesias. Foi aí que ele resolveu lançar o Coll Gardens, seu livro de poesia. Certamente, uma idéia inspirada naquela poesia lá atrás, feita pelo amigo e guitarrista Daron Malakian, intitulada Victims of a Down, importante na história do SOAD.

E por falar em guitarrista, ainda no ano de 2002, Serj procurou Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine e ex-Audioslave (além de ser um dos melhores no que faz) para juntos fundarem a “Axis of Justice”, uma instituição de luta pela justiça social.


Na época, a banda Audioslave ainda estava por completar seu primeiro ano de existência, e numa conversa informal, Morello havia assumido para o líder do System sua admiração pelas músicas da banda de “doidos armênios” que possuíam (e possuem) um cunho social, e que gostaria de transformar isso numa ação mais intensa.

No final de 2002, a MTV América Latina (que sempre que pôde ajudou o System e o Rage Against de Machine a levantarem suas bandeiras sociais) premiou o clipe da música “Shop Suey!”, pivô de uma das maiores polêmicas musicais de 2001, com o prêmio MTV L.A.

O tranquilo ano de 2003 e suas curiosidades

Desde o início profissional do System of a Down, as agendas de shows, gravações, etc. permaneciam sempre lotadas, graças ao estouro que foi o surgimento de uma banda de armênios, que só por isso já chamava a atenção de boa parte da população estrangeira e/ou descendentes de estrangeiros dos EUA, além das suas letras trazendo assuntos como preconceito social no país e descaso político com nações inferiorizadas em todo mundo, o que fez os jovens americanos politizados prestigiarem bastante o trabalho do SOAD.

Mas na contramão da rotina costumeira da banda, o ano de 2003 chegou para ser uma espécie de descanso. Show para valer foram apenas três. Um concerto no Reading Festival, na Inglaterra (veja no vídeo abaixo), outro no Leeds Festival e o último da temporada foi o mais especial. Outro beneficente fruto de uma parceria ocasional com a banda Red Hot Chili Peppers. A apresentação aconteceu na Califórnia, cidade-origem das duas bandas. Um detalhe a ser mencionado, é que o Red Hot foi a primeira banda famosa a aprovar o System logo no seu surgimento, quando as apresentações ainda se limitavam nos espaços undergraunds de Los Angeles, CA.


E esse show ao lado da banda co-irmã (não é nenhum absurdo o uso desse termo) contou com algumas curiosidades que ficaram marcadas na história do SOAD. A primeira delas foi durante a música “Aerials”, que contou com a participação do guitarrista Kirk Hammett, do Mettallica, outra banda natural da Califórnia e importante na história do System, pois foi uma das primeiras famosas a dividir o palco com Serj Tankian e Cia.

Outro fato inusitado nessa apresentação foi a execução ao vivo da música “Boom”. Além disso, pela primeira vez a música sacramentada como hino da banda ficara de fora do setlist: “Chop Suey”.

No final do tranquilo ano de 2003, Serj consegue lançar um trabalho que ele já vinha desenvolvendo junto a outro amigo armênio, Arto Tunçboyaciyan, que foi o CD “Serart”, contendo apenas canções da Armênia. Arto é o autor de uma faixa escondida que vem logo após Aerials e que acabou recebendo como batismo o nome do próprio músico. Arto também teve participações nas músicas “Bubbles” e “Science”.

Segunda edição do Souls

O ano de 2004 permaneceu sendo tranqüilo, com poucos shows e se mostrou como um período dos trabalhos paralelos. A começar pelo guitarrista Daron Malakian, que iniciou um projeto de uma nova banda, chamada de “Scars on Broadway”, algo totalmente distinto do que ele viria a lançar em 2008. E essa nova banda lançou até um disco, o Ghetto Blaster Rehearsals. Uma de suas faixas, trazia a versão demo de “B.Y.O.B”, lançada em 2005 pelo System of a Down.

* E por falar na música B.Y.O.B, abaixo veremos mais um momento curioso na vida do SOAD. Na apresentação do MTV EMA de 2005, Serj havia pedido ao diretor do evento que não colocassem play back quando o System fosse tocar. O diretor respondeu dizendo ser impossível atender esse pedido, pois o play back era uma regra da organização que não poderia ser quebrada. Serj Tankian, não satisfeito, respondeu “ok”. A banda subiu ao palco, ligou seus instrumentos na tomada e tocou a música por cima da gravação do som ambiente. É possível perceber o conflito de sons no início e no final desse vídeo abaixo:


Ainda no mesmo ano (2004), a banda realiza a segunda edição do conjunto de shows beneficentes chamado de Souls. A idéia era que esses concertos fossem lançados em DVD. Mas essa época foi a mais forte nos EUA no que diz respeito a lançamentos ilegais na internet. Todos os shows do “Souls” foram parar na rede mundial para qualquer um fazer download. Mas logo após, a instituição de Serj e Morello faz uma apresentação que leva exatamente o nome de “Axis of Justice”, que termina sendo gravada em CD e DVD.


Já em 2005, no dia 24 de abril, é feita a terceira edição do Souls, no qual algumas cenas do show foram utilizadas no documentário Screammers, produzido pela jornalista armênia Carla Garapedian. O filme, lançado em 2007, vem em forma de protesto, como pedido para que as organizações mundiais reconheçam o massacre acontecido na Armênia como genocídio, a fim de que o país posse receber as ajudas até hoje negadas por parte da ONU. Além do Souls, também fazem parte do filme músicas e clipes do System of a Down, além do próprio Serj Tankian ter participação especial ao lado do seu amigo e companheiro de banda Daron Malakian.

Volta aos trabalhos com Mesmerize e Hypnotize

O System começava a entrar naquela época de “uma banda comum”, geralmente causada por um período sem muitas apresentações e sem lançamento de CD novo. Já não era mais a líder nas paradas de sucesso americana e tão pouco era tão requisitada nas rádios como nos anos anteriores. Eis que é feito um anúncio: o lançamento de um disco duplo, onde cada “etapa” seria lançada em períodos diferentes.

Esse disco duplo, inicialmente, estava marcado para ter 30 músicas (mesmo com a banda tendo produzido mais), divididas em dois cd’s contendo 15, cada. Mas no final das contas, o número de músicas lançadas em 2005 pelo System foi o de 23. Inúmeras canções praticamente prontas ficaram de fora como Hezze, Antibiotics, Charades, 174, Citadel, Religious People, Blowing Bubbles, Annoying Car Alarm, entre outras que foram praticamente jogadas no lixo e sequer chegaram aos ouvidos dos fãs. A única dessas excluídas que se salvou foi Charades, que saiu no AOJ.


Em maio sai o primeiro cd, o Mesmerize. Com uma sonoridade já diferenciada dos discos anteriores, o novo “boom” coloca a banda de volta no topo das listas com a insuperável B.Y.O.B (você já viu o vídeo dela acima). Com esse lançamento, o grupo sai em turnê pelos EUA e pelo Canadá, inclusive, tocando Hypnotize, faixa-título da segunda parte do disco daquele ano. As imagens da apresentação da música compuseram seu video-clipe.


Já quase no final do ano, mais precisamente no dia 22 de novembro, é lançado o segundo disco, responsável por recolocar (pela segunda vez em 2005), a banda no topo das paradas de sucesso, além de levar de volta o nome do System para a Europa e América Latina. O CD foi lançado junto com um DVD, que traz cenas da banda no estúdio gravando o hit do momento B.Y.O.B e a música “Question!”.

Veja abaixo o vídeo da música Lost in Hollywood, do CD Mesmerize. A minha preferida do disco:


Separação

Ninguém imaginava. Nenhum fã pensaria na hipótese. A mídia se usufruía do sucesso do System, acreditando que a banda voltaria a ter uma fase agitada, de sucessos, como foi de 98 à 2002. Mas, nem tudo, ou nada foi como todo mundo achava que fosse. Após o SOAD concluir a gravação do clipe de “Lonely Day”, o guitarrista Daron fez uma triste e desanimadora confissão: O System ia se separar...

O anúncio foi feito antes da última aparição do System of a Down antes desse hiato, que aconteceu no Ozzfest. Ao final desse show, especificamente, que ocorreu no dia 13 de agosto de 2006, a banda chegou à ponta do palco, com todos os integrantes abraçados, como um sinal de adeus aos fãs. A platéia respondeu aos gritos de “go to back, System! Go to back, System!” (volta, System! Volta, System).


Com a separação da banda, o que se tornaria o fim de uma carreira de sucesso se transformou numa verdadeira chuva de polêmicas, bem como toda a história da banda. A imprensa norteamericana começava a noticiar que o System havia acabado por uma briga entre Daron e Serj (que justamente nessa época começava a evitar contatos com os jornalistas). Mas o guitarrista Daron Malakian foi a público explicar que tudo aquilo não passava de boato, já que os verdadeiros motivos da parada da banda, primeiro era algo temporário, segundo que servia para que cada integrante tocasse seus projetos pessoais e terceiro que aconteceu de forma amistosa, já que todos eram amigos.

A certeza que ficava, é que a banda poderia sim voltar, mas que como não havia data para nada, isso dependeria única e exclusivamente da vontade dos quatro integrantes, o que poderia levar 5 anos, 10 anos, ou até mesmo que só fosse acontecer com todos bem velhos.

A expectativa pela volta e o falso show no Brasil

Após um bom tempo esquecido na mídia, o guitarrista Daron Malakian dá as caras num evento realizado por Shavo, o “Hallow9een – A Night of Surprizes” que aconteceu em outubro de 2009. Os dois, ao lado de Jhon e Franky Perez (guitarrista do SOB), fazem uma pequena apresentação, enchendo os fãs de esperança de uma possível volta. Serj Tankian havia alegado problemas pessoais e por isso não esteve presente. Nesse concerto, eles tocaram a música “Suite-Pee”. Veja o vídeo dessa música:


Pouco tempo depois, Daron, Jhon e Shavo se reúnem novamente para tocarem juntos. Dessa vez em show beneficente ao baixista do Deftones. Na apresentação, tocam Aerials e Toxicity. Mais uma vez Serj não esteve presente. Mas mesmo assim, os fãs ficaram certos de que a volta do System of a Down estaria muito próxima. Porém, nada acontecia.

Acabou o ano de 2009 e veio o ano de 2010. A mídia, que estava ignorando a idéia sem fundamento dos fãs de que a banda voltaria, começava a noticiar discretamente algumas notas dando conta de que Serj Tankian e Daron Malakian iriam se reunir para produzirem algo. Enquanto isso, Shavo Odadjian se junta com Daron e Jhon para shows do Scar on Broadway. Ainda no ano passado, Shavo começa a postar nas redes sociais que o System of a Down já estava se reunindo planejando uma volta.

Além disso, Jhon Dolmayan afirmava em entrevista que o System, inclusive, acertava os últimos detalhes para a turnê que começaria nesse ano de 2011. Qual o fã que não entrou em êxtase com essa afirmativa? Em outra entrevista, foi a vez de Franky Perez fazer comentários sobre seus amigos do SOAD que fortaleceu a idéia da volta da banda.

Já no final do ano passado, boatos daqui e dali corriam sobre os prováveis locais que o System of a Down passaria nessa sua turnê de volta. Até mesmo o nome do Brasil surgiu no meio. Mas rapidamente, Shavo e os demais integrantes trataram de desmentir tudo nas redes sociais, deixando claro que qualquer notícia oficial, sairia primeiro no desatualizado site da banda até então.

Boa notícia: a confirmação da volta

Mas a tristeza e a melancolia, graças a Deus, tiveram data para terminar. Exatamente no dia 29 de novembro do ano passado, eis que o System atualiza seu site, colocando, de forma totalmente oficial, as datas e locais dos novos shows. É a volta consumada. O detalhe é que essa turnê só está datada até o mês de maio.

No segundo semestre teremos Rock in Rio, evento que a banda ainda não participou, num país repleto de fãs, cujo qual o grupo também nunca esteve presente. Todo o mundo já sabe, inclusive os músicos da banda, que uma enquete foi realizada no site da organização do RiR dando conta que o System é o favorito, dentre os apresentados na votação, para estarem presentes na Barra da Tijuca no maior evento musical da próxima sede da Copa do Mundo.


Será que nós teremos o prazer de ver uma banda campeã do mundo tocando no nosso país?

Wilson Hebert – Assuntos gerais

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