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Angra: Na mídia pelos motivos errados




O Angra entre 2006 e 2010 passou por seu inferno astral. Muito se falou sobre o futuro da banda já que inúmeras confusões passaram a ser o assunto principal. Mais recentemente foi o imbróglio na qual o principal personagem era o empresário da banda, o sr. Toninho Pirani, que também era um dos empresários por trás da revisa Rock Brigade. Inclusive o que se dizia à época era que o nome "Angra" havia sido vendido pelo empresário, o que traria sérios problemas para continuidade do projeto.

O mais curioso na história do Angra é que a sua formação aconteceu - baseada em algumas fontes - para aproveitar a boa onda do power metal no Brasil. Assim a ideia de Pirani era fazer um 'super' grupo, com músicos brasileiros que tocassem na vertente power. E ninguém pode dizer que o projeto não foi vencedor, uma vez que Angels Cry - ainda contando com André Matos, Marcos Antunes (que seria substituído por Ricardo Confessori) e Luís Mariutti - é, não só uma referência para o estilo, como ficou conhecido no mundo inteiro, com um turnê vitoriosa e disseminando o nome da banda, com seu front-man já conhecido por conta do trabalho com o Viper.

Por um desentendimento com Pirani, André, Confessori e Mariutti caem fora do projeto e o empresário convoca Edu Falaschi (Symbols), Felipe Andreoli (Karma) e Aquiles Priester (Hangar). A banda lança um dos melhores petardos da década passada; Rebirth coloca a banda em um patamar diferente da alcançada pela formação anterior, obviamente que graças a qualidade de seus integrantes e da célula mater mantida: os guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt ainda estavam na luta pela sobrevivência da banda e que agora já era um dos maiores expoentes mundiais do estilo.

E quando você pensa que após uma nova mudança, a banda irá se estabilizar após diversas mudanças de formação, o empresário da banda é responsável pela maior confusão. Os fãs da banda perguntam pelo futuro do Angra e começam a pipocar, aqui e ali, motivos estranhos para colocar em xeque a continuidade da banda. Uns diziam que o nome da banda havia sido vendido (juntamente com tudo que estaria agregado ao nome Angra), outros falavam da briga interna dos integrantes, variando os 'pugilistas', ora Edu e Rafael, ora Aquiles e Edu. Especulações à parte, mais uma vez a banda - ou o que sobrou dela - deveria juntar seus cacos e pensar seu futuro.

Após jogar bastante coisa no ventilador, Aquiles é convidado a sair da banda. O baterista disse aos quatro cantos do planeta que a relação entre os membros era muito ruim. Verdade ou não, o integrante convidado a se retirar foi ele e a partir desta "auto-mutilação", a banda foi atrás de um baterista para tentar se lançar novamente ao mercado. Porém antes seria necessário arrumar a casa nos bastidores. Sai Pirani (tava demorando hein?!) e entra Monica Cavalera (ex-esposa de Iggor Cavalera) para agenciar a a banda. Sem querer traçar nenhum paralelo, mas expressar a curiosidade: Gloria (esposa de Max) foi tida como uma das responsáveis pela saída de Max da banda Sepultura. Novamente a família Cavalera seria responsável por representar uma banda de alto porte.

O baterista Ricardo Confessori (Shaman) volta a integrar a formação e desta forma o Angra começou a pensar o seu futuro. Em 2009, após 3 anos de incertezas, a banda começa a gravação do sucessor de Aurora Consurgens, disco que teve pouca repercussão justamente por não trazer o Angra coverizado. A banda havia dado sinais de que mais do que power, poderia fazer discos mais diretos, sem abrir mão do peso do metal. O disco não é ruim, o público é altamente conservador. Mais do que se enxerga.

As expectativas no disco que se chamaria Aqua eram enormes. Obviamente porque a banda tinha um cast diferenciado. Músicos experientes, talentosos, endossers de marcas importantes de instrumentos musicais. Importante observar que Edu substituiu André Matos sem que o músico fundador do Viper deixasse saudades. O viúvismo não foi intenso. Ou seja, ninguém pode esperar menos de um clássico em uma banda com Edu, Bittencourt, Loureiro, Andreoli e Confessori.

Veio Aqua e o disco não "aconteceu" no Brasil. Mesmo com uma turnê de bravura com o Sepultura, acredito que pouca gente pode dizer que Aqua é o melhor disco do Angra, independente da formação. O som é o mesmo. Power metal, associado a canções menos caracterizadas do estilo, mas nada que não se encontre em outros prateleiras, em outras bandas. Não sei se houve uma decepção geral, mas o impacto não ocorreu. Para traçar um paralelo, lembrem-se da euforia que tomou conta do mundo do metal quando "The Final Frontier" (Iron Maiden) e "Scream" (Ozzy Osbourne) - naquele mesmo ano - chegaram ao mercado. Artistas com história e fama cristalizados fizeram discos impecáveis em um período onde ninguém conseguia lançar trabalhos de qualidade, inclusive o Angra.

Bem ou mal a banda saiu em turnê na Europa, no Japão (para variar) e fez alguns shows no Brasil. Neste ano foi convidada para o Rock In Rio IV mas não iria se apresentar no palco principal com Gloria (?), Coheed and Cambria (??), Motorhead, Slipknot e Metallica. A banda estaria no palco Sunset juntamente com Tarja Turunen (ex-Nightwish). Vale lembrar que neste mesmo palco Sepultura, Matanza e Korzus irão fazer seus shows. Brasileiros sempre com complexo de inferioridade, mas este é tema para um outro texto.

E quando você fica aguardando por mais novidades do prosseguimento do Aqua (no site oficial há poucas notícias e datam de 2010), a banda vira notícia da semana no twitter, nos grandes sites (especializados em música ou não) pela acusação de plágio contra a banda Parangolé. A música plagiada é Nova Era (Rebirth) e está na música Asevixe, de "composição" da banda baiana especializada em axé.

Nem discuto o imbróglio, aliás, mais um. É clara a citação melódica na introdução da canção. Fico só pensando,o porquê de uma banda como o Angra ser apenas notícia quando envolvida em confusões, em fofocas ou mesmo em um caso de plágio. O que tem acontecido com os meios de divulgação no meio do rock? Por que o Angra não é alvo de matérias no Globo, no Terra, no Uol, para divulgar a turnê do Aqua, detalhes da produção e a repercussão do disco no Brasil e no mundo?

A banda deveria estar na mídia para falar sobre suas novidades, se planeja novo disco, se as coisas realmente já estão em paz. No entanto ganha espaço midiático por conta de mais um capítulo ridículo da música brasileira, onde uma banda se apropria de um riff de outra banda - que não tem relação alguma com a outra - sem que ninguém houvesse percebido antes.

A música não é mais o foco dos campos de comunicação. O cenário é mais importante. Os assuntos periféricos tornaram-se aquilo que vende e traz mais pages views para sites e blogs. Polêmicas são os motes. E é uma pena que não seja o trabalho da banda que esteja em primeiro plano. O Brasil precisa de representantes competentes em qualquer estilo musical e isso o Angra - a despeito do que eu penso sobre o último álbum - tem de sobra: competência e qualidade musical. Basta saber quem vai espalhar isso por aí...


Daniel Junior - Música
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3 comentários:

Mateus Papini disse...

Parabéns, texto muito bom! Confesso não conhecer muito (ou quase nada) sobre Angra mas esse negócio de só noticiar coisas ruins tá muito estranho...

Daniel Junior disse...

Opa, valeu por visitar o F&V! Abraço!

Thiago Rabello disse...

Ótimo texto. A mídia brasileira realmente tem outras prioridades. Só discordo de que Aqua é um bom cd. Aqua representa justamente esse momento conturbado da banda. É um lixo. Sou grande fã da banda, mas esse cd, nem considero. Está muito abaixo de todos os outros discos.