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Review - Foo Fighters - Wasting Light (2011)



Por Daniel Junior

Já disse certas vezes que considero Dave Grohl um dos talentos menos subestimados surgidos nos EUA nos últimos anos. Não faz parte daquelas enganações eleitas pela indústria para levar parte do mercado consumidor ávido por ídolos. O ex-baterista do Nirvana nunca deu pinta de que poderia ser o multi-instrumentista com vigor que se tornara em seus inúmeros projetos ou mesmo com o Foo Fighters. O primeiro disco da banda foi praticamente gravado sozinho pelo músico.

E lá se vão 16 anos (o tempo passou muito rápido), o Foo Fighers, e na cola Grohl, consolidou sua fama no mercado e confirmou que não era apenas uma banda/compositor one hit single. A banda fora indicada para algumas premiações, foi vencedora de outras e manteve a cada disco um certo frescor. Podemos dizer acertivamente que até Echoes, Silence, Patience and Grace (2007) a banda não se auto-coverizou.

Em Wasting Light se a mesma continua seguindo o rumo da originalidade, o prometido peso no som, revelado nas entrevistas que antecedem o lançamento mundial (12 de abril) do álbum, deverá mesmo ficar para o próximo disco. Pois na verdade este parece um Best Of de toda carreira da banda, em canções que se assemelham a melhor fase do FF (1999 – 2002) nos discos There Is Nothing Left to Loose e One by One.

Embora a guitarra esteja lá, suja, cheia de distorção, as melodias seguem um caminho ‘radiofônico’ (sem denotar má qualidade) de certa forma até previsível. Não creia que você ouvirá arranjos que nunca ouviu antes. Pelo contrário, parece que quase 20 anos depois, a banda (que recebe o guitarrista Pat Smear novamente em seu front) enfim encontrou seu DNA. O rock que o FF faz em território americano não se parece com nenhum som de pop rock produzido ao redor do planeta. Talvez quem tenha feito algo semelhante há alguns anos foi o Nickelback, banda canadense que está na ativa embora não lance trabalho inédito desde 2008.

Por isso se você ficou empolgadíssimo com White Limo (uma das faixas lançadas antes do disco chegar às lojas) não tome pelo single o disco. Ele vai em uma direção proporcionalmente contrária as canções produzidas para WL.

A faixa seguinte, Ariandria, já é o bom e velho FF de One By One, usando excelentes refrões contrastando marcações muito características da música pop de maneira geral. Com aquela estrutura estrofe-refrão-estrofe.

O que dizer de uma canção como These Days? Ruim? De forma nenhuma, mas é aquela configuração já conhecida pelo fã de FF. Uma canção aparentemente doce com um refrão pesado e nada mais. E quando digo pesado me refiro tão somente a agressividade do vocal de Grohl, pois não temos tanto punch no arranjo.

Back and Forth vai exatamente pelo mesmo caminho, diferindo apenas o pequeno solo no meio canção (lembra até as pequenas intervenções de Ace Frehley no Kiss), pois fora isso a receita de bolo segue sem tempo para descanso.

A Matter of Time talvez seja a melhor canção do disco por um fator que ninguém pode negar: Grohl vem se aperfeiçoando como cantor. Sua versatilidade está bem tangível na faixa que tem a melhor melodia do disco, embora haja um looping em torno dos arranjos. Alguns irão chamar de estética do som, conceito, eu chamo de repetição.

E o disco irá para seu encerramento quase que melancolicamente até a faixa Walk e o ouvinte poderá se fazer esta pergunta: “Acabou”? Pois é. O disco não esquenta e deixa a expectativa de que poderá surgir uma nova faixa, um easter egg, algo que de fato seja novo no repertório da banda. O que se ouve em Wasting Light é um disco de inéditas que soa como uma coletânea de músicas que você parece ter ouvido em algum disco da boa carreira do FF. E só.

Track List

01. “Bridge Burning” 02. “Rope” 03. “Dear Rosemary” 04. “White Limo” 05. “Arlandria” 06. “These Days” 07. “Back & Forth” 08. “A Matter Of Time” 09. “Miss The Misery” 10. “I Should Have Known” 11. “Walk”

Nota: 6,0

Daniel Júnior - Música

6 comentários:

Paulo Henrique disse...

Fica meio foda você não se "auto-coverizar" depois de 7 discos. Nem o Radiohead conseguiu. Achei excelente o disco.

Paulo Henrique disse...

Fica meio foda você não se "Auto-coverizar" depois de 7 discos. Nem o Radiohead conseguiu. Melhor compacto do ano, até agora. Excelente.

Tom Ayara disse...

Quando você diz :"Já disse certas vezes que considero Dave Grohl um dos talentos menos subestimados surgidos ", significa que acha ele superestimado ?

Daniel Junior disse...

E aí Araya, como vai o Slayer? Pois é, a ideia de subestimação ainda é a mesma, ou seja, pessoas que são subestimadas são as que possuem imenso valor e não são reconhecidas. Portanto quando eu digo "Dave Grohl é um dos talentos menos subestimados" estou dizendo também que a maioria das pessoas sabem da sua importância como músico e compositor. É só trocar o agente da passiva, sacou? Um abraço!

Daniel Junior disse...

Oi Paulo Henrique. Que bom que você gostou do disco, mas isso não dá indulto ao produto final, ou seja, há sim uma homenagem do FF a si mesmo por todo o CD. Se você bem reparou no texto, pode ser que agora a banda tenha achado o jeito "Foo Fighters de compor" que dá esta impressão de que, cada música que escutamos, na verdade já existe, só que com uma outra letra e um outro arranjo. Um abraço.

Joselito disse...

Meu velho,

essa frase sua:
"...a melhor fase do FF (1999 – 2002) nos discos There Is Nothing Left to Loose e One by One...."

Meu Deus, mostra completo desconhecimento sobre a carreira dos Foo. O período citado foi a PIOR FASE, a mais conturbada, a menos produtiva da banda.

O there is nothing left to loose foi gravado sem guitarrista, somente com o Dave, o Taylor e o Nate, a banda ainda passava por provação.
One by One é, disparado, pela crítica e pelos fãs, O PIOR disco da banda. Inclusive foi gravado na fase mais conturbada, onde a banda quase acabou, foi metade gravado num canto, pararam depois gravaram em outro.

The Colour and The Shape, Echoes, Silence, Patience and Grace e Wasting Light são obras primas.