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Sebastian Vettel e pilotos que lidaram bem com os pneus foram os destaques do GP da Malásia


Por Leandrus

Sebastian Vettel foi novamente sensacional. O atual campeão da Fórmula 1 venceu o GP da Malásia após um fim de semana perfeito, em que dominou os treinos, largou na pole position e só esperou as luzes vermelhas se apagarem para conquistar mais uma vitória tranquila - curiosamente, um fato normal na sua carreira. Porém, o fato de ter sido raramente incomodado durante a corrida não quer dizer que a mesma não tenha sido boa.

O que se viu em Sepang foi uma prova bem movimentada, sobretudo por causa dos pneus, do KERS e da asa móvel. Os compostos da Pirelli, aliás, provaram que podem se tornar um grande atrativo para as corridas. Hoje, ao contrário do que aconteceu na Austrália, eles se desgastaram demais e tornaram a prova imprevisível, levando pilotos a trocar seus pneus em diversas oportunidades (a maioria foi aos boxes três vezes) e acarretando em bons duelos. Por conta da sua fácil deterioração, tem gente que não está gostando muito disso - pilotos incluídos nesse grupo.

É compreensível esse pensamento. Tomando o ocorrido na Malásia como exemplo, os pneus podem se deteriorar tão rápido que dão até mesmo um toque de caos às provas, tamanho tumulto que seu desgaste causa. Porém, creio que está justamente aí a graça do que foi feito pela Pirelli. Por causa disso, as corridas podem se tornar ainda mais atraentes, proporcionando mais imprevisibilidade e ultrapassagens. Além disso, irá mostrar um lado mais humano da categoria, denunciando quem são aqueles que possuem maior habilidade para cuidar dos seus compostos e quem sofre mais com eles, tendo de mudar seu estilo de pilotagem- em suma, quem melhor se adapta a eles.

Jenson Button, segundo lugar da prova, foi um grande exemplo disso. O inglês andou atrás de seu companheiro por um bom tempo e não teve um atuação de encher os olhos, mas conseguiu lidar muito bem com os pneus, entendeu a maneira como o carro reagia a eles e se aproveitou disso para conquistar um ótimo lugar no pódio. E podem ter certeza: o campeão de 2009 ainda se utilizará muitas vezes dessa habilidade para se sobressair nas corridas.

Falando em pódio, é impossível não citar o nome de Nick Heidfeld. Ele já mereceria destaque somente por ter pulado de sexto para segundo na largada, mas ainda fez uma corrida consistente que o levou a terminar no terceiro posto. Particularmente, foi uma conquista muito importante: o fato de ter terminado o GP da Austrália em décimo quarto enquanto Vitaly Petrov chegou em terceiro suscitou uma leve desconfiança entre os mais afoitos. Porém, com a atuação de hoje, o alemão mostrou que tem sim muito a acrescentar a equipe.

Tão importante quanto o terceiro lugar de Heidfeld foi o quinto de Felipe Massa. Tudo bem, o brasileiro não chegou ao pódio - um feito que poderia ter acontecido se a Ferrari não o tivesse prejudicado na sua primeira parada - , mas o importante foi ter feito uma boa prova e ter terminado a frente de Fernando Alonso, que chegou em sexto. Não foi uma performance brilhante, tampouco agressiva. Porém, Massa não teve tantos problemas com os pneus que o atordoaram em 2010 e finalmente teve uma atuação em que não se viu um abismo entre ele e seu companheiro de equipe, e sim um desempenho tão bom quanto o do espanhol.

Alonso, aliás, teve um momento em que não foi Alonso. O bicampeão mundial é conhecido pela sua precisão e seus poucos erros. Entretanto, o espanhol acabou se equivocando e atingindo Lewis Hamilton ao tentar ultrapassar o inglês, até então em terceiro. Uma leve barbeiragem, nada típica dele, que o obrigou a ir aos boxes trocar o bico e chegar atrás de seu companheiro. O erro, porém, foi apenas um leve incidente de corrida: logo, nada justifica a punição sofrida por ele ao término da corrida, quando foi penalizado em 20 segundos por ter causado tal toque. Infelizmente, a categoria vem há um bom tempo se utilizando dessas punições em qualquer acidente tolo que acontece durante os GPs.

Como Lewis Hamilton também sofreu a mesma pena, embora por um motivo diferente, Kamui Kobayashi acabou herdando a sétima posição do inglês, que caiu para oitavo. E pelo que se viu da performance do japonês, que se saiu bem nos vários duelos que teve contra Mark Webber e principalmente contra Michael Schumacher (o alemão está procurando o japa até agora), podemos tirar duas conclusões: é quase um absurdo que não se cogite a presença desse ótimo piloto numa equipe maior; e a Sauber tem o carro que provavelmente melhor se adapta ao desgaste dos pneus (Perez havia parado somente uma vez na Austrália; na Malásia, Kobayashi parou apenas duas). Esse fator pode ser essencial no duelo contra as outras equipe medianas, como Williams, Force India e Toro Rosso.

Toro Rosso essa que foi decepcionante na Malásia. Aliás, de certa forma, já havia sido na Austrália: haviam criado tanta expectativa em cima do bólido dos italianos que ter tido apenas Sebastian Buemi na 8ª posição, com a ajuda das desclassificações dos carros da Sauber, foi um pouco frustrante. A frustração aumentou quando nenhum dos pilotos pontuou na Malásia (Buemi foi 13º, e Jaime Alguersuari, 14º). Se tinham um equipamento tão bom em mãos, deveriam ter aproveitado os problemas das concorrentes Williams (que parece ter um carro que quebra por qualquer coisa) e da Force India (que vem impressionando mais com Paul Di Resta, décimo na prova de hoje, do que com Adrian Sutil).

Mas a decepção maior foi com a Mercedes. O seu rendimento é estranho e contraria as previsões. Mercedes e McLaren pareciam ter criado carros ruins, mas a primeira se recuperou no final dos testes, e a segunda, não. Porém, a relação se inverteu: enquanto a equipe de Woking já colocou seus dois pilotos no pódio, a escuderia alemã só conseguiu dois pontos através de Michael Schumacher, que teve de suar muito e sofrer nas mãos de Kobayashi para assegurar a nona posição. Já Nico Rosberg fez talvez sua pior apresentação pela equipe, largando muito mal, tendo um ritmo ruim de corrida e terminando apenas na décima segunda posição.

E numa prova propícia a ultrapassagens e dominada por Vettel, ninguém reparou que a Lotus finalmente conseguiu mostrar um mínimo de bom rendimento. A equipe teve um bom ritmo de corrida e levou até mesmo Tony Fernandes, chefe da equipe, a esboçar um tímido sorrido ao ver Heikki Kovalainen colocar seu carro a dois segundos do primeiro colocado no Q1 - ainda é muito, mas é um bom salto para os rapazes que correram em casa.

Leandrus - Automobilismo

Um comentário:

Marcelonso disse...

Leandrus,

Realmente a Lotus verde melhorou, não é tudo aquilo, mas sem dúvida é um começo.

abs